Os últimos moradores
do São Pedro

Em Porto Alegre, o Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) ainda guarda na memória o período em que pessoas com problemas psiquiátricos, ou mesmo simples desajustados, eram internados em manicômios.

O objetivo é que até o final de 2022 acabe o longo processo de desinstitucionalização iniciado há décadas.

De 5 mil pessoas que já estiveram internadas simultaneamente ali, hoje permanecem 16. 

“A desinstitucionalização do São Pedro é necessária, porque ela está operacionalizando um princípio garantido numa lei aprovada em 1992 no RS”, diz Simone Paulon, psicóloga e professora.

Mas, muitos deles já não tinham mais vínculos familiares.

Por décadas, o objetivo da desinstitucionalização era promover o retorno dos internos para o cuidado familiar ou de redes municipais de Saúde. 

Ao longo da desinstitucionalização, todos que tinham condições de retornarem para suas famílias já o fizeram.

É o caso dos moradores que permanecem no São Pedro.

Os que permanecem no local são idosos, cuja única alternativa, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), são os serviços residenciais terapêuticos (SRT).

Em 2002, foi inaugurado o primeiro serviço residencial terapêutico (SRT) para abrigar pacientes do São Pedro em processo de desinstitucionalização, o Morada São Pedro, localizado ao lado do hospital.

Em novembro de 2021 e março deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) concluiu o processo de adaptação de 19 moradores em dois novos residenciais, o Nossa Casa e o Aconchego, respectivamente.

Eles são casas do Morada São Pedro, em que pacientes residiam individualmente ou em duplas, convertidas em moradias coletivas voltadas para pacientes com menor autonomia e mais dependentes.

Atualmente, há 102 pessoas morando em SRTs do Hospital Psiquiátrico São Pedro.

Além desses residenciais, existem quatro casas alugadas em Porto Alegre e quatro casas do Estado em Viamão. 

Ao irem para os residenciais, os pacientes do São Pedro passam a ter uma casa a da qual tem que cuidar, roupas a escolher e guardar e também passam a cuidar uns dos outros.

Isso fez com que eles começassem a deixar de serem “anônimos” e a compartilhar mais as suas histórias, diz a psicanalista Maria Angela Bulhões que ajudou a construir o projeto do Morada São Pedro.

FOTOS: JOANA BERWANGER E SECRETARIA DE SAÚDE DO RS

WEBSTORIE: ANNIE CASTRO

Texto: Luís eduardo gomes

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