Em Porto Alegre, o Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) ainda guarda na memória o período em que pessoas com problemas psiquiátricos, ou mesmo simples desajustados, eram internados em manicômios.
O objetivo é que até o final de 2022 acabe o longo processo de desinstitucionalização iniciado há décadas.
De 5 mil pessoas que já estiveram internadas simultaneamente ali, hoje permanecem 16.
Mas, muitos deles já não tinham mais vínculos familiares.
Por décadas, o objetivo da desinstitucionalização era promover o retorno dos internos para o cuidado familiar ou de redes municipais de Saúde.
Ao longo da desinstitucionalização, todos que tinham condições de retornarem para suas famílias já o fizeram.
É o caso dos moradores que permanecem no São Pedro.
Os que permanecem no local são idosos, cuja única alternativa, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), são os serviços residenciais terapêuticos (SRT).
Em 2002, foi inaugurado o primeiro serviço residencial terapêutico (SRT) para abrigar pacientes do São Pedro em processo de desinstitucionalização, o Morada São Pedro, localizado ao lado do hospital.
Em novembro de 2021 e março deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) concluiu o processo de adaptação de 19 moradores em dois novos residenciais, o Nossa Casa e o Aconchego, respectivamente.
Eles são casas do Morada São Pedro, em que pacientes residiam individualmente ou em duplas, convertidas em moradias coletivas voltadas para pacientes com menor autonomia e mais dependentes.
Atualmente, há 102 pessoas morando em SRTs do Hospital Psiquiátrico São Pedro.
Além desses residenciais, existem quatro casas alugadas em Porto Alegre e quatro casas do Estado em Viamão.
Ao irem para os residenciais, os pacientes do São Pedro passam a ter uma casa a da qual tem que cuidar, roupas a escolher e guardar e também passam a cuidar uns dos outros.
Isso fez com que eles começassem a deixar de serem “anônimos” e a compartilhar mais as suas histórias, diz a psicanalista Maria Angela Bulhões que ajudou a construir o projeto do Morada São Pedro.