Fernanda Nascimento
O governo do Estado decidiu suspender a cogestão no Modelo de Distanciamento Controlado entre sábado (27 de fevereiro) e domingo (7 de março). A decisão foi anunciada em reunião de trabalho com prefeitos do Rio Grande do Sul na tarde desta quinta-feira (25). Com a suspensão, as 11 regiões classificadas em bandeira preta, como Porto Alegre, região Metropolitana, municípios do Litoral e da Serra, deverão adotar medidas que incluem fechamento do comércio e serviços não essenciais. A restrição de circulação entre 20h e 5h segue em vigência até o dia 1º de março.
Após apresentar dados do avanço recorde no número de contaminações, ocupações de leitos e óbitos no Estado, o governador Eduardo Leite (PSDB) fez um apelo aos prefeitos para que apoiassem sua decisão e garantissem o cumprimento das medidas. Ao longo da reunião, Leite disse que os prefeitos poderiam “colocar na [sua] conta” a decisão. A estratégia de convencimento era uma tentativa de amenizar a pressão dos setores empresariais sobre os prefeitos.
Diferentemente da reunião de segunda-feira, quando todos os presidentes de associações se manifestaram de forma favorável à manutenção do sistema de cogestão, no encontro de hoje as opiniões se dividiram. E se no início da semana as aglomerações eram apontadas como principais responsáveis pelo contágio, agora, o argumento central era a falta de tempo para mensurar a eficácia de ações como a restrição de circulação. Em resposta, Eduardo Leite afirmou que “o crescimento não nos permite esperar [para saber] se as medidas que estamos fazendo agora terão efeito ou não”.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), discordou da decisão, mas afirmou que é um “legalista” e fará com que as medidas sejam cumpridas. “Posições políticas devem ser respeitadas. O senhor já veio para a reunião com a decisão tomada, eu respeito, mas discordo”. Entre os gestores que apoiaram está o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (AMVAT), Paulo Cesar Kohlrausch (MDB). No início da semana, ele havia defendido a manutenção da cogestão. Hoje, afirmou que “as coisas mudam muito rápido e nós temos que ter flexibilidade e rapidez”.
A cobrança pela celeridade da vacinação também foi tema de discussão da reunião. O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Maneco Hassen (PT), afirmou que o governo estadual precisa ser mais enfático na pressão à União. “Queremos a mesma firmeza cobrando do governo federal vacina rápida e efetiva. Ou daqui 30 dias estaremos aqui novamente, conversando sobre lockdown e crise econômica”, disse.