Luciano Velleda
O Rio Grande do Sul se prepara para entrar numa nova fase do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Chamado pelo governo de Eduardo Leite (PSDB) de “distanciamento controlado”, o modelo divide o Estado em 20 regiões e cria um sistema de bandeiras nas cores amarela, laranja, vermelha e preta, em que a amarela terá as exigências e restrições menos severas, e a preta as mais impactantes. Os protocolos relativos ao que pode e o que não pode funcionar em cada bandeira, assim como os requisitos necessários, serão divulgados pelo governo no final da próxima semana, quando um novo decreto irá instituir o modelo do distanciamento controlado no Estado.
A explicação do novo modelo foi feita pelo governador nesta quinta-feira (30), durante transmissão por rede social, seguida de coletiva de imprensa, numa live que durou pouco mais de duas horas. Durante todo o período, Leite salientou que o distanciamento controlado proposto por seu governo é fundamentado em dados científicos e que, de forma alguma, se trata de uma “volta à normalidade”.
“Cada região terá que obedecer os protocolos específicos, de acordo com a bandeira em que estiver”, afirmou Eduardo Leite. O sistema elaborado pelo governo tem 11 indicadores, divididos em dois grupos: Capacidade de Atendimento e Propagação do Contágio. No grupo Propagação do Contágio será analisada a velocidade do avanço da doença e o estágio da evolução, assim como a incidência de novos casos na população. Já a Capacidade de Atendimento leva em conta a quantidade de leitos de UTI, a capacidade de mudança dessa quantidade, e a população idosa na região. A partir dos dados de cada indicador, um sistema de cores será aplicado, resultando daí a cor final da bandeira da região.
Eduardo Leite explicou que o status das bandeiras será sempre alterado no sábado, utilizando os dados da semana que passou e, assim, projetando a semana seguinte. O governador destacou que o novo modelo é baseado em dados científicos para estabelecer a situação das 20 regiões em que o estado foi dividido. “É um modelo equilibrado, que permite a proteção à vida e da atividade econômica”, definiu o governador.
Durante a transmissão, Leite ainda anunciou o retorno das aulas da rede pública estadual em junho. Na rede privada, as aulas poderão voltar ainda em maio, dependendo do sistema de bandeiras e da capacidade da escola em implementar as exigências que serão estabelecidas. “Tudo vai ficar condicionado às regras do novo decreto sobre o distanciamento controlado”, afirmou.
Transição
Antes da entrada em vigor do novo modelo de distanciamento social, o Estado terá um decreto transitório, em vigor a partir da 0h desta sexta-feira (1). O novo decreto estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras no transporte público metropolitano, municipais, táxis e por aplicativos.
Outra mudança significativa refere-se ao comércio, grande foco de insatisfação e pressão para a flexibilização das regras da quarentena. Com o decreto provisório, os municípios da região metropolitana, cujos prefeitos antes estavam impedidos de liberar atividades econômicas, poderão fazê-lo agora, “desde que obedecendo os protocolos já definidos”, alertou Eduardo Leite.
Situação oposta enfrentam apenas as regiões de Passo Fundo e Lajeado, que antes podiam flexibilizar o comércio por decreto municipal, e agora não podem mais. Tanto a região do Vale do Taquari, onde se situa Lajeado, quanto a região Norte, onde está Passo Fundo, apresentam hoje os níveis mais preocupantes no contágio do novo coronavírus. De acordo com o modelo de bandeiras que será implementado, ambas estão hoje na cor vermelha.
Dia das mães
Como forma de amenizar e dar um fôlego para o comércio, o governo do Estado criou critérios específicos para a semana que antecede o Dia das Mães. Segundo o decreto provisório, serão permitidas as vendas no sistema tele-entrega (delivery), drive thru (em que a compra ocorre apenas de passagem no estabelecimento, normalmente de carro), e ainda no sistema “pegue e leve” (take away), evitando aglomerações. Tais regras, específicas para a próxima semana, valerão inclusive para as regiões de Passo Fundo e Lajeado, desde que os prefeitos permitam.
“Não é ‘vale tudo’. Será com muito rigor, mas entendendo que o comércio deve, minimamente, ter alguma receita”, afirmou o governador Eduardo Leite, destacando que as restrições ainda durarão “muito tempo” ao longo do inverno. “A decisão final será dos prefeitos, observando a situação local e as regras hoje colocadas.”
A seguir, a lista dos municípios com restrições mais rígidas e vedação ao comércio, em caráter transitório:
Região Norte
• Água Santa
• Almirante Tamandaré do Sul
• Alto Alegre
• André da Rocha
• Arvorezinha
• Barracão
• Barros Cassal
• Cacique Doble
• Camargo
• Campos Borges
• Capão Bonito do Sul
• Carazinho
• Casca
• Caseiros
• Ciríaco
• Coqueiros do Sul
• Coxilha
• David Canabarro
• Ernestina
• Espumoso
• Fontoura Xavier
• Gentil
• Ibiaçá
• Ibiraiaras
• Ibirapuitã
• Itapuca
• Lagoa dos Três Cantos
• Lagoa Vermelha
• Lagoão
• Machadinho
• Marau
• Mato Castelhano
• Maximiliano de Almeida
• Montauri
• Mormaço
• Muliterno
• Não-Me-Toque
• Nicolau Vergueiro
• Nova Alvorada
• Paim Filho
• Passo Fundo
• Pontão
• Sananduva
• Santa Cecília do Sul
• Santo Antônio do Palma
• Santo Antônio do Planalto
• Santo Expedito do Sul
• São Domingos do Sul
• São João da Urtiga
• São José do Ouro
• Serafina Corrêa
• Sertão
• Soledade
• Tapejara
• Tapera
• Tio Hugo
• Tunas
• Tupanci do Sul
• Vanini
• Victor Graeff
• Vila Lângaro
• Vila Maria
Região dos Vales
• Anta Gorda
• Arroio do Meio
• Bom Retiro do Sul
• Boqueirão do Leão
• Canudos do Vale
• Capitão
• Colinas
• Coqueiro Baixo
• Cruzeiro do Sul
• Dois Lajeados
• Doutor Ricardo
• Encantado
• Estrela
• Fazenda Vilanova
• Forquetinha
• Ilópolis
• Imigrante
• Lajeado
• Marques de Souza
• Muçum
• Nova Bréscia
• Paverama
• Poço das Antas
• Pouso Novo
• Progresso
• Putinga
• Relvado
• Roca Sales
• Santa Clara do Sul
• São José do Herval
• São Valentim do Sul
• Sério
• Taquari
• Teutônia
• Travesseiro
• Vespasiano Correa
• Westfalia