Caio Venâncio
Ainda não é certo quando a proposta do governo gaúcho de reajuste de 16% do piso regional entrará em votação na Assembleia Legislativa, mas, conforme as centrais sindicais, diretamente interessadas no tema, a posição dos deputados estaduais deve ser favorável aos cerca de dois milhões de trabalhadores do estado que se beneficiam com a mudança. Muito criticados após a criação da aposentadoria especial, os legisladores não estariam dispostos a se desgastar com a opinião pública ao não conceder o reajuste. Com interesses antagônicos ao dos trabalhadores, entidades empresariais são contrárias às mudanças propostas pelo governador Tarso Genro (PT).
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Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Claudir Nespolo celebra o fato de o governo ter aceito a proposta de reajuste de 16% do piso regional feita pelas centrais sindicais. Depois disto, as federações patronais teriam ficado “nervosas”. “Agora eles (empresários) estão mentindo, espalhando a agenda do terror. Dizem que este aumento vai fazer crescer a informalidade, a falência de empresas. É uma história antiga, argumento velho. A questão deles é ideológica: por preconceito, não querem ver o trabalhador ganhando bem”, lamenta Claudir, que frisa que um aumento nos rendimentos dos trabalhadores incrementa vendas, faz circular mais dinheiro.
A expectativa do sindicalista é de que o reajuste do piso regional seja aprovado por ampla maioria na Assembleia Legislativa. Até o momento, para garantir isto, todos os dias um grupo de trabalhadores ligados à CUT está tentando convencer os deputados gaúchos a aprovarem a medida. “É o mesmo que o empresariado vem fazendo. Eles tentam acabar com o piso regional, nós queremos valorizá-lo, o que beneficia em torno de dois milhões de pessoas no Rio Grande do Sul”, compara Nespolo, que já adianta que as galerias do plenário devem estar lotadas no dia da votação do projeto.
Presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Guiomar Vidor é outro que crê na aprovação do piso regional por ampla maioria no legislativo. Em função das conversas que vem tendo com deputados, Guiomar não descarta que a votação ocorra nesta terça-feira (2). “Nossos representantes criaram aposentadorias recentemente e devem reajustar seus salários em breve. Diante disso, como poderiam justificar para a população gaúcha que não puderam conceder este aumento do piso regional para os trabalhadores?”, questiona. E completa: “Isto seria fechar os olhos às injustiças sociais. E outra: vai ser difícil votar contra esta medida, pois não descartamos fazer uma grande campanha que mostre para todo o estado quem são os deputados estaduais inimigos dos trabalhadores”, antecipa.
Diferentes entidades representativas dos setores empresariais foram procuradas, mas nenhuma delas respondeu até o fechamento desta matéria.
