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13 de outubro de 2014
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18:13

Tarso é melhor para os municípios, dizem prefeitos de partidos que apoiam Sartori

Por
Sul 21
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No primeiro turno, prefeitos de vários partidos integraram o comitê suprapartidário de apoio a Dilma Rousseff. Muitos estenderam o voto a Tarso Genro, no segundo turno | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
No primeiro turno, prefeitos de vários partidos integraram o comitê suprapartidário de apoio a Dilma Rousseff. Muitos estenderam o voto a Tarso Genro, no segundo turno | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Adélia Porto

Coerência política ou resultados práticos nos serviços públicos e nas obras com apoio do governo do Estado têm feito prefeitos de vários partidos declararem apoio à reeleição de Tarso Genro, da coligação Unidade Popular pelo Rio Grande (PT, PTB, PCdoB, PPL, PTC, PR, PROS), que reuniu 280 prefeitos, vices e vereadores em encontro na Capital na última terça-feira (7). Lideranças políticas do PDT, PP e do PSB – que integra a coligação com o PMDB, de José Ivo Sartori – demonstram apreço pela continuidade do governo que criou uma secretaria especial para atender as prefeituras.

O governador Tarso Genro criou o Gabinete dos Prefeitos e Relações Institucionais em 2011, pasta ocupada por Afonso Motta, do PDT, até o partido deixar o governo em 2014, para ter candidatura própria. O titular atual da pasta, Jorge Branco, avalia que o governador implementou uma política para aproximar o Estado dos municípios, abrindo canais diretos de diálogo, priorizando decisões, planos e programas que atendem as necessidades dos gestores municipais. “É uma ferramenta de relacionamento em que os prefeitos são ouvidos e as decisões nos investimentos levam em conta as demandas das comunidades”, resume. Essa relação republicana tem motivado os prefeitos a exigirem este tipo de tratamento dos futuros ocupantes do Palácio Piratini.

Jorge Branco: Tarso é melhor para os municípios, dizem prefeitos de partidos que apoiam Sartori | Foto: Alina Souza/Especial Palácio Piratini
Jorge Branco, secretário do Gabinete dos Prefeitos: o governador implementou uma política para aproximar o Estado dos municípios | Foto: Alina Souza/Especial Palácio Piratini

Na carta aos prefeitos, lida por Tarso Genro no encontro de terça-feira, o candidato destacou a “relação de respeito e solidariedade política” que teve com prefeitos de todos os partidos durante seu primeiro mandato e apresentou uma agenda de novas ações para um segundo período como governador.

Progressistas

Só do Partido Progressista (PP), já são 26 prefeitos e vice-prefeitos que abriram apoio ao candidato petista no segundo turno, mesmo integrando o partido de Ana Amélia Lemos, principal adversária do candidato petista no primeiro turno. E apesar de o partido ter declarado voto no candidato peemedebista, José Sartori, no segundo turno.

O prefeito progressista de Frederico Westphalen, Roberto Felin Junior, está com Tarso Genro. No primeiro turno ele apresentou as demandas do maior município da Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop) e tanto o candidato petista como Ana Amélia Lemos, correligionária do prefeito, acordaram que, se eleitos, “demandas apresentadas seriam mantidas e concretizadas”, registra Felin. “O apoio está vinculado aos pleitos que garantam o futuro do município”, registra. “Não tenho o compromisso da outra parte. Meu apoio é uma questão de coerência para ter melhores serviços públicos para Frederico e região”, pondera.

Roberto Felin Junior, prefeito de Frederico Westphalen: "Meu apoio é uma questão de coerência para ter melhores serviços públicos para Frederico e região” | Foto: Divulgação
Roberto Felin Junior, prefeito de Frederico Westphalen: “Meu apoio é uma questão de coerência para ter melhores serviços públicos para Frederico e região” | Foto: Divulgação

Entre esses compromissos estão a construção de uma sede para a Uergs, que já tem terreno; construção do Hospital Público regional para atender 72 municípios e aproximadamente 500 mil pessoas da região; ampliação de especialidades em traumato, oftalmo e obstetrícia; instalação de um escritório regional da Defesa Civil; instalação da sede do Instituto Geral de Perícia; garantia de fornecimento de equipamentos para o funcionamento da UTI.

O município de 30 mil habitantes, mas com população flutuante de mais de 45 mil por sediar quatro universidades e uma escola técnica que em breve se transformará em um Ifet – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, sente os resultados dos investimentos no cotidiano. Nos seus dois anos de gestão, o prefeito lista as melhorias nos serviços públicos decorrentes das parcerias e convênios com o governo do Estado. Destaca a área da saúde, às vésperas de inaugurar a Unidade de Pronto Atendimento, que já tem assegurada a antecipação de recursos do Estado para operar nos três primeiros meses.

Os investimentos em saúde estão entre os principais motivos de satisfação dos gestores municipais. Pela primeira vez, um governo destinou 12% do orçamento estadual, cumprindo uma demanda histórica do movimento pela saúde pública e determinado pela Constituição, refletindo em atendimento do SUS mais eficaz perto de casa.

Trabalhistas

O PDT, mesmo com a postura mais belicosa antipetista do candidato Vieira da Cunha e do senador eleito Lasier Martins, liberou seus quadros a escolher quem apoiar. O ex-governador Alceu Collares foi o primeiro trabalhista a anunciar que está ao lado de Tarso Genro. Partido que ocupou três importantes secretarias no governo Tarso – Saúde, Gabinete dos Prefeitos e Esportes -, o PDT dividiu-se entre manter-se no governo e lançar candidatura própria.

A decisão do diretório do PDT de liberar seus filiados para apoiar quem quiserem no segundo turno da disputa pelo governo do Rio Grande do Sul teve 77 votos a favor e 52 contra. Para não sangrar mais publicamente suas diferenças pós-eleição, o presidente do partido, Pompeo de Mattos, prefere explicar a comodidade da liberação: “Aumentamos a bancada estadual, mantivemos a federal e ganhamos o Senado. Não vamos ficar nos machucando por A ou B”, disse.

Claiton Gonçalves , prefeito de Farroupílha, com Tarso Genro: “Tarso nos deu apoio, o ombro, a mão e o dinheiro para recuperar o hospital que estava precário e com gestão temerária” | Foto: Divulgação
Claiton Gonçalves, prefeito de Farroupílha, com Tarso Genro: “Tarso nos deu apoio, o ombro, a mão e o dinheiro para recuperar o hospital que estava precário e com gestão temerária” | Foto: Clariana Zanatta / Divulgação

Prefeitos do partido de Leonel Brizola, como o de Farroupilha, Claiton Gonçalves, são contundentes na escolha por Tarso. “Se há um homem transparente, com lisura e claro nas suas posições é Tarso Genro. Ele até pode não agradar, mas mostra como pensa e como vai fazer. E neste momento histórico para o Rio Grande eu apoio sua reeleição”, declara o prefeito do município da Serra, na divisa com Caxias do Sul, comandada durante oito anos por Sartori. “Nosso vizinho não tem uma história tão pronunciada”, observa. “Nossa posição de apoio à reeleição é bem conhecida”. Ele ressalta que, na contemporaneidade, homens são maiores que partidos.

Médico, o prefeito destaca os grandes investimentos do governo do Estado na recuperação do Hospital Beneficente São Carlos, que supera os R$ 10 milhões em investimento e custeio. “Tarso nos deu apoio, o ombro, a mão e o dinheiro para recuperar o hospital que estava precário e com gestão temerária”, informa.

Mas é no fechamento do pedágio de Farroupilha e na recuperação das estradas que residem as maiores virtudes destacadas pelo pedetista. O pedágio entre Farroupilha e Caxias, instalado na gestão do PMDB, em 1998, foi fechado por Tarso Genro, em 2013, cumprindo uma promessa de campanha e atendendo aos apelos de toda a região que se sentia penalizada. “Houve um grande atraso em função disso, prejudicando toda a região”.

A ligação asfáltica do vizinho município de Alto Feliz, com vocação enoturística, tem reflexos econômicos em Farroupilha, como tem o turismo religioso ao santuário de Caravágio acentuado pela conclusão do caminho pavimentado artesanalmente que leva ao templo católico. A revitalização dos trechos até Garibaldi, a RST-453, que liga a Nova Roma do Sul, os projetos de recuperação do trevo de Santa Rita, a duplicação da RS-122 de São Vendelino, a construção dos trevos entre a RS-122 e 453, a eliminação da curva da morte e a federalização da RS-470, que constam da Carta de Tarso Genro à Serra Gaúcha, são motivos de empolgação do prefeito.

As Câmaras de Indústria e Comércio da Serra e, em especial a de Caxias – reduto de Sartori –, fizeram críticas contundentes durante todo o governo Tarso Genro em função das estradas, inclusive com campanhas publicitárias em outdoors. O prefeito Claiton observa que o tema foi usado para a disputa política. “Em Farroupilha, temos andanças políticas mais maduras. A Serra tem montanhas, rios que separam cidades, encostas, trechos de difícil manutenção e cargas pesadíssimas trafegando porque somos o segundo polo de manufatura de aço e toda a malha ferroviária foi sucateada. Para recuperar tudo isso tem que ter paciência porque não tem dinheiro para tudo ao mesmo tempo. E Tarso avança de forma ordenada e planejada, fazendo as coisas mais necessárias e imediatas. É isso que tem de ter um gestor”, defende.

Socialistas

Prefeitos e vices do Partido Socialista Brasileiro, integrante da coligação que apoia Sartori, manifestaram apoio ao oponente por entenderem a relação altruísta que deve pautar os convênios e parcerias dos entes federados.

Os prefeitos de Rosário do Sul, Barra do Quaraí e Arroio do Tigre e o vice de Nova Prata assumem sua preferência pela continuidade do petista no comando do Estado. Luís Henrique Antonello, prefeito de Rosário do Sul, disse no encontro do dia 7 que os avanços da gestão atual são incomparáveis com governos anteriores, sobretudo pela valorização dos servidores públicos. “Nós temos que ir para a rua e fazer a comparação que a mídia se negou a fazer. Tenho certeza que, nas ruas, vamos reverter o resultado do primeiro turno”, registrou o prefeito da Metade Sul do Estado, região onde as candidaturas petistas tiveram votação superior aos adversários.

Do PSB, o vice-prefeito de Nova Prata, Sérgio Sotilli, anda com carro adesivado na cidade com apoio à reeleição de Dilma e Tarso. “O Brasil está no caminho certo. Basta olhar os 40 milhões que foram para a classe média e melhoraram de vida nos últimos 12 anos”, afirma. No RS, para ele, a melhora é evidente na atual gestão, especialmente na saúde e segurança. “Tem que continuar”, diz Sottili. O vice-prefeito disse que fala com a experiência de quem é aposentado como servidor público e trabalhador na área calçadista no setor privado. “Testemunhei os estragos do período neoliberal. Tenho bem claro que os governos do PT promoveram distribuição de renda e crescimento com justiça social. Não quero ver isso perdido”, relembra.

Sérgio Sotilli, vice=prefeito de Nova Prata (D): "Tenho bem claro que os governos do PT promoveram distribuição de renda e crescimento com justiça social" | Foto: Divulgação
Sérgio Sotilli, vice=prefeito de Nova Prata (D): “Tenho bem claro que os governos do PT promoveram distribuição de renda e crescimento com justiça social” | Foto: Divulgação

Sobre por que não apoia Sartori, da sua coligação, é claro: “Ele não tem a experiência necessária para gerir o Estado com os problemas que tem. É como comparar a gestão de Nova Prata com Caxias e de Caxias com o Rio Grande do Sul. Ele não está preparado para o tamanho da tarefa. Tarso mostrou que está e geriu o Rio Grande do Sul com muita competência mesmo com o volume de dificuldades financeiras que o Estado enfrenta”, concluiu o socialista. O prefeito do mesmo partido, Volnei Minozzo, disse que por coerência partidária está com Sartori.

PMDB dilmista

O PMDB, que tem Michel Temer como vice na chapa da reeleição de Dilma Rousseff (PT) à presidência, tem a ala considerada “dilmista” no RS. Um dos integrantes é o prefeito de Alegrete, Erasmo Guterres da Silva. “Desde a eleição de 2010 fui o primeiro prefeito a apoiar Dilma. E mantenho minha posição clara por coerência desde o primeiro turno desta eleição. Temos relações institucionais fortes e estou com ela. Aqui no RS, por relação partidária, estou com Sartori”.


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