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2 de outubro de 2014
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17:19

Na reta final da campanha, analistas defendem postura mais agressiva e voltada para os indecisos

Por
Sul 21
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Na reta final da campanha, analistas defendem postura mais agressiva e voltada para os indecisos
Na reta final da campanha, analistas defendem postura mais agressiva e voltada para os indecisos
Montagem Ana Amélia Tarso Genro vertical capa
Pesquisa indica disputa acirrada entre Tarso Genro e Ana Amélia no RS

Ana Ávila

A poucos dias do primeiro turno das eleições 2014, analistas apostam que os candidatos ao governo do Estado e à presidência devam adotar posturas mais agressivas para convencer os eleitores. Professor de Ciência Política da Feevale, Henrique Keske defende que os candidatos devam investir cada vez mais no corpo a corpo com os eleitores. “ Tem que gastar sola de sapato onde está esse eleitor, fazer o enfrentamento direto”, opina. O cientista político e professor da Unisnos, ESPM e Unifin Bruno Lima Rocha defende que o interesse dos candidatos neste momento seja chegar ao segundo turno do modo mais equilibrado possível, especialmente na disputa pelo Piratini. Ele também vê a necessidade de uma estratégia que reforce as diferenças para conquistar os indecisos, ainda que isso signifique rejeição.

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Lima Rocha chama a atenção para um aspecto que ele considera novidade na campanha deste ano: a ascensão passageira de alguns candidatos, que, apesar da aprovação inicial, têm caído mais perto da eleição. É o caso, por exemplo, de Marina Silva, que entrou de fato na campanha após a morte de Eduardo Campos. Inicialmente, com índices significativos – muito melhores que os do próprio Campos -, Marina tem visto sua aprovação diminuir, segundo pesquisas de intenção de voto. O analista considera interessante também a efemeridade dos perfis de candidatos trabalhados como produtos. “Casos como os de Ana Amélia e Marina tiveram pouco fôlego”, diz ele. Para Lima Rocha, nessa estratégia isola-se a candidatura, tratando o político como produto, reforçando valores de mercado.

O vício de votar em quem vai ganhar

No Estado, Lima Rocha defende que a pesquisa Datafolha encomendada pela RBS e divulgada no dia 26 de setembro “é bastante reveladora para quem leva pesquisas a sério”. O analista, que discorda do recorte feito nos levantamentos, opina que eles servem mais para influenciar o eleitor do que para apontar os rumos da campanha. “Acho que as pesquisas influenciam demais e são muito mais fator de definição de voto do que termômetro”, diz ele.

Keske também não acredita que as pesquisas reflitam o que pensa o eleitor. Para ele, servem apenas para influenciar o voto e deveriam ser proibidas. “A amostragem é insuficiente em função do universo ao qual se refere”, diz ele, que aponta ainda o problema de induzir o voto. “O eleitorado tem o péssimo vício de votar em quem vai ganhar. Não vota no candidato que representa seus ideais ou propostas transformadoras para a sociedade”. O professor lembra que, dentro da própria universidade, não é raro ouvir do estudante que ele “não vai jogar seu voto fora”, optando por um candidato com poucas chances de sair vitorioso.

Keske concorda com a parcela da sociedade que considera o segundo turno outra eleição. Na opinião dele, é diferente escolher entre vários candidatos e apenas dois, ainda que tendências muito marcantes do primeiro se manifestem no segundo. Mesmo assim, as estratégias precisam ser modificadas. “As pesquisas apontam empate técnico entre Ana Amélia e Tarso, não devemos ter PDT nem PMDB na disputa, isso muda o cenário. Será um debate entre duas propostas específicas”, afirma.

 | Fotos: Ramiro Furquim/Sul21
Dilma, Marina e Aécio, os mais bem colocados nas pesquisas para presidente | Fotos: Ramiro Furquim/Sul21

A importância do debate

Sobre o desempenho dos candidatos no debate, Lima Rocha acredita que ele seja importante, especialmente em uma disputa apertada. Para o analista, é preciso ressaltar que o “vencedor” de debates não é necessariamente aquele mais coerente, mas quem se sobressai em relação ao outro, quem transmite a imagem mais simpática, mais contundente. “A melhor situação que um candidato pode alcançar é deixar o outro sem resposta ou com uma resposta furada”. Ele lembra também que, a maior parte do eleitorado não sabe o que está sendo debatido. “Temas importantes ainda são muito obscuros para o eleitor mediano”.

Para Keske, os debates são importantes por serem o momento do confronto de propostas. “Fico impressionado quando a mídia contesta certos ataques de um candidato a outro ou com candidatos que entram na defensiva e se vitimizam. O debate é que vai mostrar as fragilidades ou fortalecer o candidato. É disto que democracia se nutre”, opina. O professor da Feevale considera que não há melhor método para saber mais sobre o que pensam os candidatos. No entanto, concorda com Lima Rocha sobre a falta de informação do eleitor. Com isso, temas demagógicos acabam prevalecendo sobre propostas e assuntos relevantes, que de fato influenciam a vida dos cidadãos.

Como atrair os indecisos?

Para Lima Rocha, a estratégia para atrair os indecisos deve ser demarcar as diferenças entre as candidaturas. Ainda que arriscar possa levar à rejeição de uma parcela dos eleitores, cair na vala comum só aumenta a indecisão, na opinião dele. “Quem conseguir botar no colo do adversário a comparação mais dura, vai levar ou aumentar o grau de rejeição do outro”, diz ele.

Keske defende que os indecisos devem ser os eleitores prioritários neste momento. São eles que irão decidir a eleição. O professor, afirma que montaria nos gabinetes uma espécie de call center ligando pessoalmente para o eleitor. “Ele tem que ser pego a unha em casa, na calçada, no ônibus no metrô. Tem que colocar a criatura na parede e dizer ‘mas ainda não te decidiu, vivente?’”, brinca o professor, embora lembre que o assunto é sério. “Tua vida está em jogo, como é que tu não decides?”, reflete.


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