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25 de agosto de 2014
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21:07

Simon diz que aceitou ser candidato porque outros nomes do partido se negaram

Por
Sul 21
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Pedro Simon em entrevista coletiva em Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Pedro Simon em entrevista coletiva em Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Ana Ávila

Pedro Simon foi apresentado nesta segunda-feira (25) como candidato ao Senado pela coligação O Novo Caminho para o Rio Grande (PMDB / PSD / PPS / PSB / PHS / PT do B / PSL / PSDC). Depois de ter dito que se aposentaria ao final do atual mandato, Simon admitiu que voltou atrás porque outros membros do PMDB, como José Fogaça, Germano Rigotto e Ibsen Pinheiro, não aceitaram. “Eu não queria”, repetiu mais de uma vez. Aos 84 anos, ele substitui Beto Albuquerque, alçado à candidatura de vice-presidente, ao lado de Marina Silva, após a morte de Eduardo Campos. O anúncio oficial aconteceu no diretório estadual do PMDB, no centro de Porto Alegre.

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Simon chegou a ser questionado se não era uma contradição disputar mais um mandato de oito anos, já que ele mesmo prega renovação. Quem respondeu, no entanto, foi o presidente do PMDB gaúcho, Edson Brum: “As práticas e compromissos do senador não precisam ser renovados. Se é para trocar por outro tipo de compromisso, vamos ficar com o velhinho que ele é muito melhor”, disse ele, sob aplausos de militantes.

Simon assina ata de substituição de Beto Albuquerque | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Simon assina ata de substituição de Beto Albuquerque | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Simon fez uma série de brincadeiras sobre o assunto, mas não escondeu a pressão sofrida para entrar na disputa, “Ontem, eu podia entrar na Justiça com o argumento de que vocês me pressionaram psicologicamente”, disse sorridente. Logo em seguida, tratou de explicar: “Não estou sendo empurrado. É com emoção, com respeito e com vontade de ajudar o meu país numa hora tão difícil como essa (que aceito ser candidato)”.

Em meio à entrevista, Brum pediu que Simon assinasse a ata que substitui o nome de Beto Albuquerque ao Senado pelo seu. O senador retomou o tom descontraído, questionando se o pedido público denotava desconfiança de que ele ainda pudesse desistir da candidatura.

“O senhor tem força, tem gás para realizar esse mandato?”, ouviu Simon durante a coletiva de imprensa. Antes dele, Brum se adiantou outra vez: “Nem o Olívio (Dutra, do PT), nem o Lasier (Martins, do PDT) são guris também”. Simon seguiu no mesmo tom brincalhão: “Tu estás fazendo a pergunta jornalisticamente ou está rogando praga?”. Em seguida, repetiu ter dito ao partido que não deveria ser candidato. Segundo ele, seu médico garantiu que ele tem saúde para passar dos 100 anos, mas o exagero de trabalho feito até aqui não pode se repetir na atual campanha. “O partido está sabendo disso”, disse ele. E garantiu: “No Senado eu vou trabalhar noite e dia, mas, nesses 40 dias (de campanha), sair hoje e andar por todos os cantos, isso eu não vou poder fazer. Vou ter que descansar e acalmar”.

Simon disse que concorrerá porque outros nomes do PMDB não aceitaram | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Simon disse que concorrerá porque outros nomes do PMDB não aceitaram | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O candidato explicou que já havia começado a planejar a aposentadoria: “Tinha um projeto pessoal bonito. Recebo, há 20 anos, convites para fazer palestras em universidades e ia atender, percorrer o Brasil”. De acordo com Simon, ele pretendia, mensalmente, palestrar sobre a conscientização da sociedade brasileira, cujos dois maiores exemplos, na opinião dele, são as condenações do Mensalão e o Ficha Limpa.

Sobre os adversários diretos, ele se limitou a mencionar Lasier Martins, que disputa uma vaga no Senado pelo PDT. “Eu acho que o Lasier é um homem que deve conhecer muito o Rio Grande do Sul”, disse. Brincando que a RBS, empresa onde atuava Lasier até decidir entrar na política “é pé quente”, ele listou uma série de ex-comunicadores da empresa que tiveram sucesso na vida política.

Troca de elogios com Sartori

Simon também apontou a candidatura de Sartori ao governo do Estado como um fator importante na sua decisão de aceitar concorrer novamente ao Senado. “Sou um profissional da política. Conheço o que tem de certo e o que tem de errado e ele é excepcional”, disse. O peemedebista destacou a coleta de lixo, o asfaltamento das estradas e a construção de um posto de saúde como exemplos da administração de Sartori em Caxias do Sul.

O candidato ao governo do Estado também não economizou elogios ao senador. Sartori ressaltou que Simon renunciou à acomodação ao aceitar o pedido da coligação para ser candidato ao Senado no lugar de Beto Albuquerque. “Beto sempre diz que foi candidato porque Simon não quis”, afirmou. “Ele (Simon) foi ‘livremente’ coagido a aceitar esse desafio”, brincou Sartori, destacando o papel do senador na aproximação de Beto e Marina. Simon chegou a ser questionado se Marina teria pedido que ele aceitasse concorrer mais uma vez, mas o candidato negou.

Sartori (esq.) acompanhou Simon na coletiva | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Sartori (esq.) acompanhou Simon na coletiva | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Marina e a Rede

Simon teceu elogios a Eduardo Campos e Marina Silva e destacou a aliança em torno do nome da senadora para ocupar o posto de presidenciável após a morte do pernambucano. “Por unanimidade, o PSB reconheceu que a Marina era a candidata”. E disse ainda: “Houve esse feliz entendimento entre ela e o partido socialista, um partido que tem respeito, que tem antiguidade, que tem história”.

Simon falou também sobre o partido que Marina tentou registrar antes de decidir concorrer pelo PSB e afirmou não entender os motivos que impediram a criação do Rede Sustentabilidade. “Marina lutou e lutou bravamente para fundar o seu partido e acho que não teve partido que teve tantas assinaturas de filiação partidária quanto ele e, surpreendentemente, ninguém entendeu como, num país que tem 30 e tantos partidos registrados com a maior facilidade, com a maior simplicidade, o dela, tendo um montante de assinaturas, foi rejeitado”.

Sobre a falta de unanimidade em torno do nome de Marina no Rio Grande do Sul, que incomodaria até o candidato a vice-governador, José Paulo Cairoli (PSD), Simon garantiu que, no caso do vice, uma reunião entre lideranças deve mudar isso e afirmou: “Eu não sei se tem algum partido em que haja unanimidade. No PMDB do RS não tem e nós respeitamos”.

Ética e moral

“Tanto PSDB como PT fizeram muitas coisas boas, não podemos negar”, disse Simon sobre as candidaturas nacionais à presidência. O grande erro está no campo da ética e da moral”, afirmou. Simon não segue o PMDB nacional, que apoia Dilma Rousseff, do PT, como candidata à reeleição, com Michel Temer (PMDB), de vice. No Rio Grande do Sul, o PMDB se aliou ao PSB, de Marina Silva e Beto Albuquerque. Simon foi, inclusive, um dos articuladores da aliança inicial, de Marina com Eduardo Campos.

No domingo (24), o jornal Folha de S.Paulo publicou uma notícia em que afirma que a Polícia Federal vai investigar se a aeronave envolvida no acidente que matou  Eduardo Campos foi comprada com dinheiro de caixa 2 do PSB. Perguntado se não teme que a coligação apoiada por ele acabe também acusada de falta de ética e moral, diante da possibilidade de um novo escândalo político, Simon preferiu dizer que “não sabe de nada” e que o atual governo federal tem muitas coisas a explicar. “Eu creio que compete ao governo dar as explicações e dizer o que está acontecendo. Eu, sinceramente, não tenho a mínima ideia. Tem várias coisas a serem explicadas. Um avião não pode levantar voo se a sua caixa preta não estiver com todas as condições. E uma das primeiras condições é que tenha a fita para gravar a conversa dos tripulantes”, disse ele sobre os problemas com a caixa preta do avião que caiu em Santos, matando Eduardo Campos e outras seis pessoas no dia 13 de agosto.

Representantes do partido que forma a coligação estiveram presentes no anúncio oficial | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Representantes do partido que forma a coligação estiveram presentes no anúncio oficial | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

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