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11 de agosto de 2014
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19:51

Relação do estado e de municípios com a União pauta debate entre candidatos ao Senado

Por
Sul 21
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Debate promovido pela Agert teve a relação do estado e municípioscom a União como um dos principais temas
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Caio Venâncio

O horário eleitoral nem começou, as ruas ainda não foram tomadas pelo clima de campanha, mas um tema já desponta nas discussões entre candidatos ao Governo do estado e ao Senado pelo Rio Grande do Sul: o quanto o Rio Grande do Sul arrecada de impostos e o quanto retorna em investimentos vindos da União para os gaúchos. O mesmo vale para os municípios.

Na manhã desta segunda-feira (11), em Porto Alegre, durante debate promovido pela Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert) e retransmitido por rádios do interior, os sete candidatos a uma vaga no Senado Federal apresentaram diferentes maneiras de lidar com esta questão, que em alguns casos também atende pelo nome de dívida pública, além de defenderem seus respectivos presidenciáveis. Após um primeiro bloco em que os candidatos apresentaram a si próprios e falaram sobre suas propostas, a segunda parte foi dedicada às perguntas de eleitores enviadas por rádios do interior do estado.

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Por sorteio, Olívio Dutra (PT) foi o primeiro a falar. O questionamento era sobre como conseguir aprovar interesses gaúchos no Senado quando tantos políticos estariam ao lado das demandas do Norte e do Nordeste brasileiros. Para o petista, a resposta estaria na correção de algumas contradições representativas por meio de uma Reforma Política. “Temos que acabar com a influência do poder econômico nas eleições e fazer com que as pessoas votem em projetos, não em candidatos isoladamente”, defendeu.

Na sequência, Júlio Flores (PSTU) sustentou que a solução para o desenvolvimento da região Oeste do estado seria uma reforma agrária radical e controlada pelos trabalhadores. Para ele, o agronegócio seria o “grande império do país” e teria ao seu lado inclusive os governos do PT.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Candidatos também falaram sobre agricultura e educação|Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Beto Albuquerque (PSB) teve o assunto agricultura colocado diante de si. O antigo apoiador dos governos petistas e agora entusiasta da candidatura de Eduardo Campos (PSB) à presidência acredita que o setor já é moderno no Brasil, porém sofre por fazer parte de um país em que o governo estaria “perdendo o equilíbrio” das contas e não teria realizado investimentos suficientes em infraestrutura. “Vou abraçar a causa da competitividade da agricultura brasileira, pois ela gera empregos e desenvolvimento”, assegurou.

Ciro Machado (PMN) foi perguntado sobre qual seria seu posicionamento em relação às políticas de ampliação do acesso ao ensino superior desenvolvidas pelo governo federal. O candidato, ainda pouco conhecido dos eleitores, afirmou que era preciso mudar o foco dos investimentos para o ensino básico, valorizar os professores. “O processo educacional brasileiro precisa de uma revisão”, apontou.

Candidato pelo PRP, Rubens Goldenberg, que nas urnas será apenas Gold, foi enérgico em suas intervenções ao longo do debate. O tom de voz era elevado e em um dos momentos o mediador teve de contê-lo quando ele batia na mesa ao falar. O assunto sorteado para Gold foi a possibilidade de redução da maioridade penal, que para ele é um sintoma da ausência do Estado. “É o fracasso do sistema socioeconômico do país. Temos que tomar atitudes fortes para evitar isso. O Estado brasileiro é uma grande mentira”, definiu. Depois de Olívio, a relação do estado e seus municípios com a União voltou à pauta com Simone Leite (PP), que falou sobre o aumento da participação das cidades no orçamento do governo federal.

Consultando papeis a todo instante, a candidata ressaltou que a senadora Ana Amélia Lemos, sua companheira de partido, defendeu o aumento do fundo de participação dos municípios. Segundo Simone, o PP seria um defensor do municipalismo por entender que as pessoas vivem nas cidades e são os políticos delas os que melhor sabem para onde devem ir os investimentos. “Os recursos são arrecadados nas cidades e voltam de Brasília como moedas para os prefeitos”, resumiu.

Último a responder, Lasier Martins (PDT), a partir do caso da região de Ijuí, indicou caminhos que considera eficazes para o problema da desigualdade regional. O comunicador citou o caso da Irlanda e, a exemplo do país europeu, pretende corrigir estas distorções por meio de compensações tributárias proporcionais ao quão desenvolvida cada localidade é. “Temos regiões diferenciadas e deve haver condições mais benéficas em relação aos impostos para aqueles que optam por investir em regiões menos desenvolvidas”, propôs.

Lasier X Olívio

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Olívio Dutra|Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

No terceiro bloco, candidatos questionaram uns aos outros. Primeiro a perguntar, Ciro Machado indagou Lasier Martins se ele seria o terceiro representante do Grupo RBS no Senado federal, depois de Ana Amélia Lemos (PP) e Sérgio Zambiasi (PTB), e qual seria a posição do candidato do PDT na disputa presidencial, já que em nível nacional seu partido está com Dilma Rousseff (PT).

Já acostumado com a pergunta, Lasier disse se orgulhar dos 27 anos que passou no Grupo RBS, bem como dos 24 em que esteve no Grupo Caldas Júnior, mas não seria representante de qualquer dessas empresas. “Não sou candidato do Grupo RBS. Eu tirei o B do meio, sou candidato do RS. No PDT, recebemos liberação nacional para que cada pedetista do estado pudesse escolher seu candidato a presidente. Eu, pessoalmente, ainda estou analisando propostas. Quero ver quem vai trazer mais benefícios, repactuar dívida, discutir o pacto federativo. Quem tirar o estado do atoleiro terá meu voto”, garantiu.

Quando chegou a sua vez de questionar, Lasier não titubeou e escolheu seu principal adversário na disputa pela vaga no Congresso Nacional: Olívio. Lembrando da municipalização do transporte na Capital e do caso Ford, quando o petista era prefeito e governador, respectivamente, ele questionou se o ex-sindicalista continuava com seu “viés estatizante” na política.

Montado o enfrentamento que todos esperavam assistir, Olívio começou sua fala contando que demorou bastante tempo até considerar o adversário nas urnas um “oponente”. “Tu és meu oponente forjado na mesma matriz que aquele que me enfrentou em 1998 (referindo-se a Antônio Britto, também ex-funcionário da RBS). Defende o Estado mínimo, quer acabar com as leis trabalhistas. Invertemos prioridades em Porto Alegre e colocamos a cidade no mapa com o Orçamento Participativo (OP). O senhor é um puxa-saco dos empresários, está travestido de trabalhismo. Coitado do trabalhismo social”, lamentou.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Lasier Martins| Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Lasier pediu respeito e disse que os tempos eram outros. “Vivemos época de economia de mercado inevitável. Nosso estado não tem recursos para nada e as parcerias público-privadas podem ser uma saída”, acredita. Encerrando o duelo, Olívio recordou que seu governo, assim como o de Tarso, conseguiram fazer com que o Rio Grande do Sul crescesse mais do que o Brasil. “Nosso estado é referência em atração de investimento, as gestões de Tarso e Dilma provam isso. O senhor é uma nova versão do cavalo comissário de 1998”, caracterizou.


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