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29 de agosto de 2014
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16:12

Debate de candidatos na Band RS é dominado pelo tema da dívida pública

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Sul 21
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 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Antes do debate, candidatos conversam com seus assessores. Da esquerda para a direita: João Carlos Rodrigues, Vieira da Cunha, Tarso Genro, o jornalista Oziris Martins, José Ivo Sartori, Roberto Robaina e Ana Amélia Lemos o | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Débora Fogliatto

Seis candidatos ao governo do estado do Rio Grande do Sul protagonizaram nesta quinta-feira (29) o primeiro debate na televisão aberta, realizado pela Rede Bandeirantes e mediado pelo jornalista Oziris Marins. Fugindo do confronto direto na maior parte das vezes, os candidatos Ana Amélia Lemos (PP), João Carlos Rodrigues (PMN), José Ivo Sartori (PMDB), Roberto Robaina (PSOL), Tarso Genro (PT) e Vieira da Cunha (PDT) responderam a perguntas feitas um pelo outro e por jornalistas da emissora. Os temas mais discutidos nas duas horas de debate foram a dívida do Estado, educação, infraestrutura e segurança.

Dívida

Primeiro tema abordado, na rodada em que candidatos escolhem para quem perguntar, o assunto da dívida foi introduzido por José Ivo Sartori, que questionou Ana Amélia Lemos sobre as formas de abatê-la. A senadora, referindo-se ao ex-prefeito de Caxias como “meu querido amigo”, criticou o acordo que determinou que a votação da negociação da dívida pelo Senado seja feita em novembro.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Sartori criticou o projeto de renegociação da dívida que está no Senado | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Para Sartori, que concordou com a candidata, se “o governo quisesse” já teria feito essa repactuação. “O projeto que está no Senado não serve aos interesses do Rio Grande”, afirmou, defendendo que seja realizado um novo pacto federativo, que “estreite as relações entre estados, municípios e governo federal”.

O governador Tarso Genro, perguntando para João Carlos Rodrigues, mencionou que o PMDB é responsável pelo acordo firmado há 15 anos e que causou impossibilidade de pagar a dívida, diante dos “juros extorsivos” gerados, e lembrou que o PP participou do último governo, criticando a “tabelinha” dos candidatos. “Colocar o Rio Grande do Sul para baixo no momento em que pela primeira vez vamos abater R$ 15 milhões da dívida é não gostar do Estado”, criticou.

Já Vieira da Cunha afirmou ser “cético” em relação à votação do projeto pelo Senado, dizendo que “não tem conquista nenhuma na questão da dívida”. Ele defendeu que o governo apoiasse a iniciativa da OAB pela redução do percentual, o que Tarso classificou como “ingenuidade”.

Estradas

No segundo bloco, as perguntas foram feitas por jornalistas da Band para um candidato pré-selecionado por sorteio, que por sua vez escolheu um candidato para comentar sua resposta. Roberto Robaina respondeu ao questionamento sobre como melhorar a situação das estradas, apresentando a proposta de o Estado ter maior poder de intervenção. “Os recursos públicos, ao invés de serem usados para realmente construir estruturas e melhorar estradas, têm sido farto em isenções fiscais para grandes empresas. Queremos combater o modelo de entregar dinheiro público para grandes empresas privadas”, colocou.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Roberto Robaina foi o candidato que mais provocou debate com adversários  Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Ele foi um dos poucos candidatos que escolheu interagir com quem admite discordar, pedindo que Ana Amélia comentasse sua resposta. Ela criticou a EGR, dizendo que o cidadão não está “satisfeito em pagar pedágio” para a empresa que “manda para Brasília a maior parte dos lucros”.

No terceiro bloco, a candidata do PP voltou a abordar a EGR, dizendo que a empresa “está cobrando um serviço que não devolve à população” e questionando Vieira da Cunha sobre o assunto. Ele defendeu a realização de parcerias público-privadas feitas de uma forma “ampla e democrática”, com o que Ana Amélia em seguida concordou.

Segurança

Questionada por um jornalista da Band sobre como melhorar a segurança do Estado, Ana Amélia afirmou que o assunto é “prioridade total” de sua coligação e firmou o compromisso de “honrar salários de todas as categorias que trabalham com segurança pública, fazer maior investimento em tecnologia, formação e inteligência”.

Mais uma vez, ela escolheu interagir com o candidato Sartori, que lembrou de ações feitas em Caxias do Sul enquanto era prefeito, como já destacou em outros debates. “Reduzir tarefas administrativas e colocar mais policiais na rua é uma das primeiras questões. Fomos o primeiro município a implantar policiamento comunitário, Caxias já reduziu criminalidade”, afirmou.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
João  Carlos Rodrigues questionou Tarso sobre segurança pública | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

No terceiro bloco, questionado por João Carlos Rodrigues sobre o assunto, o governador Tarso destacou que “avançamos muito na segurança pública aqui no estado”, mencionando que foi feita uma reestruturação na Polícia Civil e contratados mais 2 mil brigadianos.

Educação

Questionado por jornalistas sobre o assunto no segundo bloco, Tarso afirmou que quando sua gestão assumiu o governo “tínhamos escolas de lata, com redes físicas completamente destruídas”. Ele ainda destacou que seu governo deu o maior aumento de salário para o magistério da história do Estado.

O candidato do PSOL o criticou, dizendo que o completivo salarial que Tarso mencionou fornecer é criticado pela categoria porque “acaba com plano de carreira”. “Primeira coisa seria reconhecer que descumpriu tua própria palavra. Além disso, estão tentando enfiar reforma no ensino que reduz carga horária de matemática e português”, disse, referindo-se às mudanças que instituíram o ensino politécnico. O candidato da coligação Unidade Popular classificou as informações de Robaina como “fraude informativa”, alegando que não houve redução da carga horária destas disciplinas.

Questionado por Sartori sobre investimentos nessa área, João Carlos Rodrigues colocou que considera o professor “o profissional mais importante”. “Respeitar a lei é fundamental em todas as esferas públicas. Professor tem que receber piso nacional”, disse o candidato, que também defendeu investimento em segurança nas escolas.

Embates

Os principais confrontos foram protagonizados por Tarso e Robaina, embora o governador também tenha questionado sua principal adversária, Ana Amélia Lemos, que por sua vez optou por fugir do debate direto com ele. Ela foi pega de surpresa, porém, por uma pergunta hostil feita por Vieira da Cunha, quando o escolheu para questioná-la.

Vieira da Cunha x Ana Amélia Lemos

No terceiro bloco, quando os candidatos escolhiam quem lhe faria a pergunta, Vieira da Cunha lembrou Ana Amélia que o presidenciável que ela defende, Aécio Neves (PSDB) criticou Marina Silva (PSB) por ser “pouco experiente”, tendo dito que “governar não é para amadores”, provocando a candidata, que está em seu primeiro mandato no Senado.

Ela rebateu que a presidenta Dilma (PT) teve “a mesma opinião” e que ambos falaram isso para tentar “reduzir a capacidade de Marina”, o que segundo ela “faz parte da disputa eleitoral”, evitando comentar diretamente a colocação do tucano.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
A candidata do PP evitou entrar em embates com adversários | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Já Vieira aproveitou o momento para lembrar de sua trajetória política, em que foi diretor do DMLU, vereador, presidente da CEEE e deputado, mencionando que Ana Amélia, por sua vez, “tem metade de seu mandato de senadora”. A candidata progressista então citou o ex-presidente Lula (PT), dizendo que ele foi um presidente “aclamado” após ser “apenas diretor sindical e deputado”.

Tarso Genro x Roberto Robaina

Tarso fez uma crítica direta ao PSOL no terceiro bloco, afirmando que o partido foi contra o ProUni na época de sua instalação e que firmou parcerias com o DEM no Amapá e com o vice do governo de Yeda Crusius (PSDB) em Porto Alegre. Robaina rebateu que a pergunta é “pura fraude” e que o partido não tem aliança com o DEM, além de afirmar que Luciana Genro (PSOL) era deputada e votou a favor do ProUni. Tarso insistiu na crítica, falando novamente dos apoios dados pelo PSOL, dizendo que a postura adotada pelo partido  “funciona mais como quinta coluna da Ana Amélia do que como esquerda”. Robaina respondeu que foi o PT quem “mudou de lado” político.

Já no quarto bloco, Robaina questionou Tarso sobre a dívida, indagando “quem ganha com a demora da negociação”. “Quem ganha são demais estados, por isso pressionam a presidente a não aceitar a negociação. “Os demais estados estão sendo financiados pelos devedores, por isso é urgente ter coragem de dar primeiro passo, para que o segundo seja diminuição das prestações”, respondeu o governador.

O candidato do PSOL rebateu que “se fosse fazer algo pelo Estado, Dilma teria feito antes da eleição”, para fortalecer a candidatura de Tarso. Para ele, “é preciso cortar sangria em relação ao capital financeiro. Cinco mil famílias ricas do Brasil que ganham com pagamento de 40% do orçamento público para elas”. Tarso rebateu que, votando em novembro, é possível fazer o refinanciamento da dívida.

Tarso Genro x Ana Amélia Lemos

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Vieira da Cunha (E) e Tarso (D) confrontaram Ana Amélia | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O embate mais aguardado da noite aconteceu em apenas um momento. Tarso abriu o quarto bloco perguntando à progressista sobre a redução de cargos públicos e de CCs, que ela tem pregado. “Eu gostaria de saber quais secretarias vai extinguir, qual o número de CCs e qual influência disso na situação financeira”, questionou.

A candidata disse que “pode ser pouca economia” cortar os cargos, mas que o gestor “tem que dar o primeiro passo”. Ela afirmou que na estrutura administrativa há 12 funções com status de secretário. “São seis mil cargos comissionados e com salários mais altos que os próprios servidores”, colocou.

O governador respondeu ponderando que os seis mil se referem à toda estrutura pública, contando os âmbitos Legislativos e Judiciário, enquanto no Executivo são pouco mais de dois mil CCs. “Cortando 1/3 dos CCs, se reduz 0,3% da folha de pagamento. Acho estranho que a senhora não ache importante abater R$ 15 bilhões da dívida do estado e venha falar que CCs possam resolver problema financeiro”, criticou.

Ana Amélia insistiu que “há um nível de funções excessivas e gastos desnecessários” e preferiu não responder que secretarias irá cortar, dizendo que isso será anunciado “na hora que for pertinente”.

Considerações finais

No último bloco, todos os candidatos responderam à questão formulada pela equipe da Band sobre como o Rio Grande do Sul pode voltar a ter seu “protagonismo histórico” em relação ao Brasil.

Ana Amélia disse que é preciso “arrumar a casa, colocar as finanças em ordem e cortar gastos desnecessários”. Ela defendeu usar o Banrisul “como eixo de crescimento, estimulando empreendedores a ficarem no Estado”.

Robaina destacou o histórico do PSOL, afirmando que o partido não tem compromisso com “grupos poderosos que controlam a política e a economia”. “Temos compromisso com a luta do povo, dos trabalhadores, da juventude”, destacou.

Para Sartori, a população quer que “governos funcionem e prestem bom serviço público”. “Chegou a hora de olharmos para nós e criarmos condições de devolvermos para o Rio Grande sua história de inserção social”, afirmou.

Tarso apresentou seu governo como de centro-esquerda e destacou conquistas dos últimos anos, dizendo que o Rio Grande do Sul está crescendo o dobro do Brasil. “Os índices de desemprego caíram no RS. Empresas têm vindo do exterior para gerar empregos”, assegurou.

Vieira lembrou que o Estado comandou o movimento da Legalidade e disse que o Rio Grande “não pode se apequenar”. “Queremos um novo tempo, com efetivo crescimento, justiça social e mais igualdade. Quero ser governador para retomar linda história”, colocou.

João Carlos Rodrigues disse que “devolver orgulho aos gaúchos é não ter medo de inovar”, acrescentando que todos os partidos presentes já governaram antes, diretamente ou coligados. “Por que não experimentarmos governo de um único partido que quer governar com diálogo aberto? Não temos ranço político”, garantiu.


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