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5 de agosto de 2014
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19:32

Cooperativas denunciadas por álcool etílico no leite irão depor no MP na sexta-feira

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Na sexta-feira (8) à tarde, as cooperativas gaúchas Piá e Santa Clara prestarão esclarecimentos sobre a presença de álcool etílico encontrado em alguns de seus produtos | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Nícolas Pasinato

Na tarde de sexta-feira (8), as cooperativas gaúchas Piá e Santa Clara prestarão esclarecimentos sobre a presença de álcool etílico encontrado em alguns de seus produtos. Na segunda-feira (4), a Superintendência Federal de Agricultura do Rio Grande do Sul (SFA-RS) determinou à Cooperativa Agropecuária (Piá) o recolhimento cautelar de dois lotes de leite UHT e um de requeijão. Inspeção da SFA-RS, no dia 24 de junho, também apontou a mesma irregularidade em amostra do leite pasteurizado da cooperativa Santa Clara.

A Cooperativa Petrópolis afirmou que irá até a casa dos consumidores recolher os produtos dos lotes em que foi detectado álcool etílico e substituir pelos mesmos produtos de outros lotes. Para isso, os consumidores devem fazer contato pelo SAC 0800-9702099. A empresa precisa tirar de circulação 50 mil litros do leite Piá UHT integral, fabricados em 26 de junho deste ano, lotes L02/2 e L2-3, além de 30 mil embalagens do requeijão light Piá (200g), lote L2, fabricado em 30 de junho deste ano.

O promotor de Defesa do Consumidor, Alcindo Bastos, informou que, no caso da Santa Clara, o leite adulterado, chamado popularmente de “leite de saquinho”, fabricado para ser consumido em até seis dias, não foi recolhido pelo fato de o produto, provavelmente, já ter sido consumido. “Os lotes possuem validade expirada e não tem o que retirar. Possivelmente, tudo já foi consumido”, esclarece. Depois do resultado dos testes e comprovação do problema, o posto de refrigeração da Santa Clara, em Veranópolis, foi fechado.

| Foto: Ilustração/Santa Clara
A Cooperativa Santa Clara Ltda contesta a adulteração de seus produtos | Foto: Ilustração/Santa Clara

Nesta sexta-feira, o encontro ocorrerá na Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul e está marcado às 14h30 com a Piá e 15h30 com a Santa Clara. Conforme o promotor de Defesa do Consumidor, ambos os casos, são resultados de falta de controle. “Possivelmente, são casos de falta de controle. Até porque são duas indústrias idôneas, sem histórico de fraude. Mas a falta de controle nos preocupa, porque é um teste simples de se fazer”, avalia Bastos.

Para ele, a fraude ocorreu em algum dos pontos da cadeia produtiva do leite. “Houve fraude em algum ponto da rastreabilidade desse leite. Em algum momento houve a adição de álcool, pois essa substância não é gerada de forma espontânea e é muito pouco provável que seja fruto de alguma contaminação do produto”, explica.

De acordo com o promotor, o que tem se observado, desde a deflagração das Operações do Leite Compensado – ao longo de 2013 e deste ano – envolvidos na fraude do leite têm adotado a estratégia de variar o produto para a adulteração. “Houve a fase do formol com a ureia. Depois migraram para a água oxigenada. Então eles voltaram para a soda cáustica e o bicarbonato de sódio. Agora, retornaram para o álcool etílico”, detalha.

Contrapontos

Na segunda-feira (4), a Cooperativa Agropecuária Petrópolis (Piá) divulgou nota afirmando ter acatado a determinação da Superintendência Federal de Agricultura do Rio Grande do Sul (SFA-RS) de retirar do mercado lotes de leite e de requeijão com suspeita de fraude. Contudo, a cooperativa nega que tenha havido qualquer problema na fabricação dos produtos.”Nas análises internas e nas amostras dos referidos lotes enviados para análise externa em laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura não ficou constatada qualquer irregularidade nos itens produzidos”, diz a cooperativa na nota.

Da mesma forma, a Cooperativa Santa Clara Ltda, contesta a adulteração de seus produtos. Nesta terça-feira, a empresa divulgou uma nota pedindo esclarecimentos ao órgão federal. “Formalmente, a Cooperativa Santa Clara, está questionando através de Processo Administrativo, o Ministério da Agricultura, para prestar esclarecimentos[…]”, informa a indústria no comunicado.

Confira os comunicados na íntegra: 

Nota oficial da Cooperativa Petrópolis

Tendo em vista determinação da Superintendência Federal de Agricultura do Rio Grande do Sul (SFA-RS) determinou à Cooperativa Agropecuária Petrópolis Ltda. Indústria de Alimentos (Piá, SIF 758) o recolhimento cautelar dos lotes de leite UHT integral fabricados em 26/06/2014 e com data de validade até 26/10/2014 (lotes L02/2 e L2-3) e do lote de requeijão light (200g) fabricado em 30/06/2014 e com data de validade até 30/09/2014 (lote L2).
1 – Nas análises internas e nas amostras dos referidos lotes enviados para análise externa em laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura, não ficou constatado qualquer irregularidade nos itens produzidos;
2 – Ainda assim, a Cooperativa Agropecuária Petrópolis Ltda. procedeu o recolhimento no mercado dos referidos lotes, conforme solicitado pela Superintendência de Agricultura.
3 – Os produtos que ainda estiverem no mercado serão recolhidos.

Nota oficial da Cooperativa Santa Clara Ltda.

Informa a Cooperativa Santa Clara Ltda. que só recebe leite em condições de consumo e processamento adequado. Toda a matéria-prima é analisada antes de entrar na indústria e nos postos de captação. No caso em especifico, no Posto de resfriamento de Leite de Veranópolis/RS, onde foi recebido o leite em questão, foram realizados todos os testes, inclusive o teste para presença de álcool etílico, e nada se constatou de irregular. Ao entrar na indústria, os mesmos testes foram novamente realizados, atestando que o leite estava dentro dos padrões legais. Formalmente, a Cooperativa Santa Clara, está questionando através de Processo Administrativo, o Ministério da Agricultura, para prestar esclarecimentos, pois os testes realizados pelo laboratório oficial levaram 15 dias para serem finalizados, sabendo-se que o leite in natura, passa a sofrer alterações em sua composição em curto espaço de tempo, podendo comprometer os resultados. Pontue-se que a Cooperativa Santa Clara tem o maior interesse em prestar todos os esclarecimentos necessários.


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