Samir Oliveira
Os torcedores argentinos tomaram conta de Porto Alegre. A estimativa dos órgãos de segurança é que mais de 80 mil hermanos estejam na Capital para acompanhar a partida contra a Nigéria. Contudo, apesar de estarem em maior número, não foram eles que chamaram a atenção no Caminho do Gol – rota que percorre a Avenida Borges de Medeiros e conecta o Mercado Público ao estádio Beira Rio.
Em grupos pequenos, os torcedores nigerianos foram, em geral, muito mais celebrados que os argentinos pelos porto-alegrenses que acompanhavam a peregrinação até o Beira Rio nesta quarta-feira (25). Eles mal conseguiam transitar pelo Largo Glênio Peres e pela Borges de Medeiros sem que fossem abordados por brasileiros ansiosos por tirar fotos com os turistas.
Sorridentes e maravilhados com a recepção, os nigerianos posavam, inclusive, para fotos com argentinos. A reportagem do Sul21 conversou com um grupo de turistas, que disse estar otimista para a partida, mesmo reconhecendo que será um jogo difícil.
“Vamos ganhar. Temos que segurar o Messi até o final”, disse um nigeriano. Yomi-Bola, que mora em Londres, está feliz com a reação dos brasileiros à presença de seus compatriotas em Porto Alegre. “Os brasileiros são muito gentis e estão sendo muito receptivos”, anima-se.
Os torcedores não se intimidam com a presença massiva de argentinos na cidade. “Já sabíamos que seria assim, porque Porto Alegre é muito próxima da Argentina”, comentam.
Contudo, apostando na rivalidade futebolística entre Brasil e o país vizinho, e envaidecidos pelo tratamento caloroso que estão recebendo na Capital, os nigerianos são categóricos em afirmar: “Os brasileiros estão torcendo por nós”.
Nos arredores do Parque Marinha do Brasil, o nigeriano Ifeanyi se dirigia para assistir ao jogo no Beira Rio. Ele já esteve em Curitiba e em Cuiabá e considera que as partidas da Copa têm sido bastante empolgantes. Questionado sobre o enfrentamamento com a Argentina, que, com 80 mil torcedores em Porto Alegre, joga praticamente “em casa”, Ifeanyi foi categórico: “Sou nigeriano e não tenho medo de nada”.
Campanha por libertação de prisioneiros cubanos nos Estados Unidos dialoga com turistas
Aproveitando o movimento intenso de turistas em Porto Alegre, a Associação José Martí organizou uma estratégia de divulgação da campanha de apoio à libertação dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998, por conta de suas atividades para evitar ataques de exilados que recebiam apoio da Casa Branca para promover ações violentas contra o governo de Cuba.
A associação já havia feito panfletagens nos outros jogos da Copa em Porto Alegre, mas, desta vez, o grupo estendeu uma imensa bandeira de Cuba no Viaduto Otávio Rocha, na Borges de Medeiros com a Rua Duque de Caxias.
Muitos argentinos surpreenderam-se ao ver a bandeira cubana e não hesitaram em apoiar o país caribenho: “Vamos Cuba!”, gritavam. Integrante da Associação José Martí e coordenadora no Rio Grande do Sul do grupo pela libertação dos cinco prisioneiros cubanos, Vânia Barbosa conta que o diálogo com os turistas tem sido bastante positivo. “A recepção das pessoas tem sido muito boa. A Argentina tem uma relação muito próxima com Cuba”, comenta.
Vânia informa que entidades de apoio ao governo cubano estão articulando campanhas similares em todo o país, inclusive organizando contatos junto a torcedores dos Estados Unidos.
