Cassio Machado (*)
Nem só de lona é feita a Defesa Civil, ou deveria ser feita. Setor destinado a evitar desastres e minimizar seus impactos, teoricamente lança mão de cinco pilares para nortear suas práticas.
O primeiro é a Preparação, relacionada ao desenvolvimento de capacidades necessárias para o gerenciamento eficiente de todos os tipos de emergência. A Preparação é o pilar transversal a todos os demais.
O segundo é a Prevenção, destinada a ações voltadas à redução da frequência e da intensidade de desastres por meio de estratégias como mapeamento de riscos, elaboração de medidas de contenção e correção e educação da sociedade.
O terceiro é a Mitigação, relativa a ações que objetivam diminuir os impactos dos desastres para a população, como perdas de vidas e prejuízos econômicos e sociais, podendo ser operacionalizada por meio de medidas como emissão de alertas e avisos, monitoramento de eventos e evacuação de áreas de risco.
O quarto, o qual notoriamente atribui popularidade à Defesa Civil, é a Resposta, concernente às ações imediatas ao desastre, para prestar assistência à população atingida, como busca e salvamento, primeiros socorros, fornecimento de materiais de primeira necessidade e restabelecimento dos serviços essenciais.
O quinto, e não menos importante, é a Recuperação, referente às ações designadas à restauração do cenário destruído pelo desastre, com vistas à manutenção da normalidade social, com foco na redução de riscos.
Esse parágrafo bem poderia anteceder alguma reflexão sobre o Incêndio da Boate Kiss, a tragédia nas barragens de Mariana e Brumadinho ou as chuvas e inundações em Petrópolis. Poderia, se não fosse a pandemia da Covid-19. As 224 palavras que descrevem estratégias voltadas ao enfrentamento de desastres não estarem relacionadas diretamente à pandemia apenas desvela como temos nos relacionado com a Covid-19.
Muitos são os estudos sobre o tempo presente, os quais nos apontam o número de mortes evitáveis, trazendo à reflexão do como poderia, mas não tem sido. Muitas foram as perdas decorrentes da negação da pandemia, e outras tantas estão em nosso horizonte. Talvez mais prejudicial que pensar e agir como se a pandemia tivesse terminado seja desconsiderar que precisamos de um plano de Recuperação, com estratégias voltadas a reconstruir o que foi destruído.
(*) Psicólogo, atua no Grupo Hospitalar Conceição (GHC) (cassioandrademachado@gmail.com)
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