Roberto Liebgott (*)
Corria em meio à mata, protegia-se dos algozes, eram sempre muitos, os armados genocidas.
Escondia-se em buracos, útero da Mãe Terra, que se tornara o único abrigo confiável e possível, espaço de amparo, segurança e descanso.
Preferia às árvores, os insetos, às aves, os bichos todos ao homem branco, bruto, covarde e ganancioso.
Durante décadas ele ficou só, não havia ninguém mais a defender aquele lugar de ser e viver dos seus antepassados, dizimados por fazendeiros e madeireiros.
O corpo envelheceu e cansou, ocasião em que tomou emprestado das araras irmãs, algumas penas multicor, confeccionou a roupa ritualística de partida, construiu o tapiri, armou a rede, vestiu-se, deitou-se e adormeceu.
Sua missão havia sido cumprida e agora o momento será de reencontro com os ancestrais, os espíritos de luz, que festejam a chegada do seu guardião da Terra.
(*) Cimi Sul – Equipe Porto Alegre
Em homenagem ao “índio do buraco”, Tanaru, o último sobrevivente de um massacre promovido por fazendeiros e madeireiros, em Rondônia, na década de 1990. Ele foi encontrado morto no dia 24 de agosto por agentes da Funai.
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