Opinião
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3 de julho de 2022
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18:16

2 de julho mostra Lula como um candidato popular (por Carlos Eduardo Bellini Borenstein)

Por
Sul 21
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Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Carlos Eduardo Bellini Borenstein (*)

Os atos comemorativos da Independência da Bahia, no dia 2 de julho, mostraram que o vínculo que o ex-presidente Lula (PT) possui com o povo, sobretudo com as camadas mais pobres da população, ocupará um espaço de destaque na campanha.

Embora a candidatura de Lula ao Palácio do Planalto represente a democracia e todo o acúmulo de forças que desembocou na Constituição de 88, existe algo mais forte em sua campanha: a simbologia do líder popular que prepara volta quando uma parcela expressiva da população sofre com a carestia. 

Apesar de comparações que são feitas entre as campanhas de Lula de 2002 e 2022, principalmente após a escolha do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB-SP) como vice, os contextos históricos são distintos. 

Se, em 2002, Lula, tendo o empresário José Alencar (PL) como vice, era o candidato da união do trabalho e capital, neste ano, mesmo que a presença de Alckmin na chapa mostre a amplitude e o estabelecimento do debate entre democracia x autoritarismo, o objeto central da candidatura Lula 2022 é sua relação com o povo.

Esta relação ficou bastante nítida no discurso realizado por Lula, nesse sábado (2), na Bahia. Lula enfatizou que a independência do Brasil, comemorada no dia 7 de setembro, foi “o resultado de uma luta que começou antes em várias partes do país, inclusive na Bahia, a partir de movimentos como a Conjuração Baiana, liderada pelos alfaiates”.

Reforçando a narrativa popular, Lula lembrou que “a independência na Bahia não foi feita por um pacto entre as elites. Ela foi conquistada a duras penas por negros, brancos e indígenas, mulheres e homens que decidiram dar um basta à opressão”.

Outro ponto do discurso de Lula – e que, historicamente, se faz pouca referência comparado com outros períodos – são revoltas populares como a Conjuração Baiana, a Revolta dos Malês e a Guerra de Canudos. Tais revoltadas, são vistas como um contraditório a narrativa de que os avanços históricos no Brasil foram consequência de um pacto entre as elites. 

O discurso de Lula neste tema das lutas populares – e que remete a esta conexão do ex-presidente com o povo – foi além da Bahia. Lula também recordou lutas como a Revolta da Chibata (Rio de Janeiro); a Cabanagem (Pará); a Balaiada (Maranhão); a Batalha de Tejucopapo (Pernambuco), além das guerras indígenas contra os invasores europeus; e a resistência do povo negro no quilombo dos Palmares.

Fazendo menção ao protagonismo do povo em contraponto ao pacto das elites, Lula destacou que “não pode haver avanço sem luta. E a verdade ainda maior é que o povo brasileiro é um especialista na arte de lutar”.

A partir da lembrança dessa resistência do povo, Lula amarrou sua narrativa discursiva do 2 de julho lembrando que, atualmente, “o povo luta contra a fome, o desemprego, a inflação e o endividamento”. 

Focando no público-alvo da campanha, Lula declarou que o atual governo trava “uma guerra contra o povo brasileiro”, tendo as mulheres, os negros, os jovens da periferia, os povos indígenas e a parcela mais pobre da nossa população como alvos preferenciais. 

Paralelamente à força simbólica de sua liderança popular, Lula transmitiu uma mensagem de otimismo, dizendo que “nossa arma é a esperança”.

Esta esperança tem como foco a retomada do crescimento, a geração de empregos e a inclusão social, temas centrais nas diretrizes do programa de governo chapa Lula-Alckmin, como forma de superar a insegurança alimentar, a inflação, o desemprego, a fome e a perda do poder aquisitivo.

A liderança popular de Lula gera uma poderosa conexão com o povo, conforme foi observado em 2 de julho. E esta relação de Lula com o povo fica ainda mais forte dado o contexto histórico que vivemos, em que a sociedade demanda um candidato com foco no social e que cuide de seu povo, principalmente dos mais pobres. 

(*) Cientista político formado pela ULBRA-RS. Possui MBA em Marketing Político, Comunicação e Planejamento Estratégico de Campanhas Eleitorais pela Universidade Cândido Mendes. Mestrando em Comunicação Social na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21

 


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