Opinião
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1 de junho de 2022
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16:44

Dia Mundial do Meio Ambiente: Porto Alegre presente! (por Marcos Todt)

Porto Alegre tem uma história de pioneirismo na área ambiental. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Porto Alegre tem uma história de pioneirismo na área ambiental. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marcos Todt (*)

Neste domingo, 5 de junho, ocorrerá em Porto Alegre, no Espaço Elis Regina, na Usina do Gasômetro, evento em referência ao Dia Mundial do Meio Ambiente. 

A origem da data nos remete a 1972, quando ocorreu a primeira Conferência sobre o Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), na Suécia. O evento, organizado pelas Nações Unidas, foi um marco no processo da chamada primeira socialização da ideia de crise ambiental e redundou na primeira declaração da ONU sobre o Meio Ambiente. 

Em meio ao estado de emergência climática em que vivemos, não podemos permitir o esquecimento de Estocolmo. Os critérios de sustentabilidade dos anos 1970 iam muito mais à raiz dos problemas do que o conceito de desenvolvimento sustentável, formulado a partir do Informe Bruntland (1987) e consolidado, inclusive, na Eco-92 e na Rio+20 (não é à toa que este encontro se chamou Rio+20 e não Estocolmo +40). 

Além dos 50 anos da histórica Conferência de Estocolmo, neste ano também se referencia os 60 anos da publicação da obra Primavera Silenciosa (Silent Spring), de Rachel Carson. Unindo rigor científico e sensibilidade poética, Carson contribuiu de modo extraordinário para o fortalecimento da consciência púbica de que nem sempre a tecnologia abraça a vida e de que a natureza é vulnerável à ação humana.

Aqui pelos nossos pagos, a Agapan, uma das entidades pioneiras do ambientalismo no Brasil, completou 50 anos ano passado. Ou seja, esta entidade que é motivo de orgulho para o Rio Grande do Sul foi fundada um ano antes da primeira conferência promovida pela ONU sobre meio ambiente. Uma pena que esta data não pôde ser comemorada presencialmente por toda a comunidade, por conta da pandemia. 

O slogan do selo comemorativo aos 50 anos da Agapan é “A vida sempre em primeiro lugar”. Pois o Comitê de Combate à Megamineração no Rio Grande do Sul (CCM/RS), que em junho comemorará três anos, tem o mesmo espírito em seu emblema: “Sim à vida, não à destruição”. O CCM/RS, apesar da curta existência, já contribuiu demais com a sociedade, ampliando as linhas da luta ambiental e auxiliando a comunidade gaúcha a barrar projetos definitivamente nefastos como o Mina Guaíba e o Caçapava do Sul.

No que diz respeito ao Greanpeace, nossa cidade também tem história. O grupo de voluntários (as) de Porto Alegre foi o primeiro da organização no país, se faz presente em uma série de atividades e dá atenção especial às crianças, contribuindo para mudanças positivas nas gerações futuras. Porto Alegre fica mais bonita pela existência de organizações como essa e como o Instituto Ingá, o Movimento Preserva Zona Sul, a Fundação Gaia, o Núcleo de Estudos de Gestão Alternativa (NEGA) da UFRGS e o grupo de pesquisa Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade – TEMAS, também da UFRGS, entre tantas outras.

A trajetória destas organizações, a existência de tantas pessoas dedicadas à cidade e às melhores causas é motivo de comemoração. Devemos memorar e celebrar estas (re)existências feitas de sonhos e desprendimento. Junto com a necessária seriedade de quem sabe que faz as lutas inadiáveis de nosso tempo, no ambientalismo está presente uma maravilhosa delicadeza que é o que faz estas pessoas se moverem: o carinho por todas as formas de vida, a preocupação com o coletivo, o respeito e o cuidado com o planeta.

Ao mesmo tempo em que devemos celebrar isto tudo, a urgência climática nos exige mais força nesta luta. Já passou da hora de refletirmos sobre o que de fato necessitamos como sociedade e o que não necessitamos; sobre que tipos de atividades vão ao encontro do bem-estar das pessoas e da sustentabilidade, e que tipos de atividades trazem, por seu turno, prejuízos, seja para as sociedades humanas, seja para a natureza. Precisamos superar progressivamente os estilos de vida advindos da civilização industrial, priorizando os direitos humanos coletivos e individuais e os princípios ecológicos. Não é mais possível negar a necessidade de saída do sistema capitalismo e da transformação do sistema produtivo para que se adapte a um novo paradigma adequado às necessidades ecológicas.

Por tudo isto, e também para reforçarmos a denúncia e a reação ao desmonte das políticas ambientais em nosso estado e em nosso país, é muito bom que tenhamos esta atividade referenciada no início do texto. Das 11h às 19h, haverá oficinas, aulas públicas, produtos ecológicos, apresentação do Coral da APCEF, show do Nei Lisboa & Banda. Haverá também recolhimento de óleo usado e de pilhas e arrecadação de alimentos para as retomadas indígenas. Bora lá!

(*) Doutor em Ciências Sociais, presidente da APCEF/RS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21

contato: marcos.todt@gmail.


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