Stela Farias (*)
Primeiro de Maio é o momento para reafirmarmos a importância das conquistas históricas das mulheres na luta por igualdade de direitos e por trabalho digno. Este ano, principalmente, por vivermos o maior retrocesso da história das trabalhadoras brasileiras, com o aumento da desigualdade de gênero, seja no ambiente doméstico ou público, com a sobrecarga de trabalho e com o aumento da pobreza, da fome e da violência.
Neste 1º de Maio o que temos a celebrar é a capacidade de resistência das mulheres que trabalham e estão cada vez mais na informalidade, no trabalho precário, no desalento. A capacidade de luta das mulheres chefes de família, que são exatamente as que estão nos lares de maior pobreza, que enfrentam o ódio, o machismo, o sexismo, o racismo e o preconceito na sociedade.
Em uma realidade em que somos 52% da população brasileira, responsáveis pelo sustento de 39% das famílias e ocupamos a maioria nas universidades, ainda sofremos com o número de assédios e abusos nos espaços de trabalho, com a discriminação nos salários, com a dupla ou tripla jornada a partir da obrigação social de cuidar da casa e da família e com o crescimento da violência doméstica. Segundo o IBGE, 35% das brasileiras perderam empregos durante a pandemia, incluindo as trabalhadoras informais. Entre as mães com filhos pequenos, o percentual sobe para 39%, sendo que 52% perderam renda.
Por isso este é um dia de luta de toda a classe trabalhadora, mas, principalmente das mulheres, por mais respeito, democracia, vida, trabalho e renda. Um dia que demonstra os enormes desafios que temos a enfrentar para retomarmos um Brasil que olhe para trabalhadoras e trabalhadores de forma igual e como prioridade. A luta das mulheres não é só delas, mas de todos. Nenhuma democracia será plena se não houver equidade de gênero em todos os espaços e aspectos da sociedade.
(*) Deputada Estadual PT/RS
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