Glauber Gularte Lima (*)
Mais importante que a fotografia do momento que as pesquisas revelam é a análise de período. Nesse sentido, o recorte de todas as 20 pesquisas realizadas no período de novembro de 2021 a janeiro de 2022 indica um quadro estabilizado, com o candidato Lula (PT) isolado na liderança, com média de 41% de intenção de voto. Em segundo lugar, Bolsonaro (PL) com 26%, seguido de Moro (Podemos) com 9% e Ciro (PDT) com 6%.
Portanto, até o momento, tudo indica que dificilmente haverá espaço para que algum candidato da terceira via substitua Bolsonaro na polarização com Lula. Ao contrário, o atual presidente está com a intenção de voto estacionada na faixa dos 25% e com potencial de ampliar um pouco mais, em razão dos índices de aprovação de seu governo, cuja média ficou em 30,8% nos levantamentos dos últimos 3 meses.
Por isto, a última pesquisa PoderData, cujo trabalho de campo foi realizado de 13 a 15 de fevereiro, não apresenta uma mudança substancial no quadro, ao apresentar Bolsonaro com 31% de intenção de voto. Dentro da margem de erro da pesquisa, ele estaria entre 29% e 33%.
Inegavelmente é um patamar elevado para um candidato cujo governo é um desastre econômico e social. Contudo, dentre outras variáveis, é preciso reconhecer que a estratégia digital alicerçada sobre mentiras e fatos retirados de seu contexto tem mantido essa base coesa e com um fervor alucinado nas redes sociais. Pode não ser suficiente para assegurar a vitória, mas até o momento lhe garante a segunda vaga no segundo turno. Ou seja, o mantém vivo e perigoso, como nunca deixou de ser.
Uma rejeição acima de 50% se constitui em um obstáculo matematicamente intransponível para um candidato em uma eleição de segundo turno.
Na média dos últimos 3 meses, Bolsonaro acumulou 56,8% de rejeição, seguido de Sergio Moro com 41,3%, Lula com 40,6% e Ciro com 39,1%.
A rejeição a Lula se manteve em um patamar médio de 40,6% nos últimos 3 meses. Embora 10% acima da média que possuía até a crise e destituição de Dilma (30%), esse é um índice bastante compreensível para quem sofreu perseguição e prisão, sob acusação de corrupção.
Devido ao bloqueio que a grande mídia impõe à verdade dos fatos, uma vez que foi cúmplice da farsa, a inocência de Lula, na percepção de parcelas significativas do eleitorado, ainda não é um fato plenamente comprovado.
Por isso a máquina de fake news bolsonarista está voltando a operar com potência elevada, e o tema central escolhido é a corrupção, como pode ser constatado nas publicações em redes sociais.
As forças adversárias sabem que seria somente ampliando a rejeição de Lula para acima de 50% que poderiam tentar reverter esse cenário que até o momento lhes é bastante desfavorável.
(*) Professor, especialista em comunicação e marketing
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