Opinião
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7 de fevereiro de 2021
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13:44

Transporte de passageiros no Rio virou um pesadelo depois que privatizaram os trens (por Sindimetrô/RS)

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Sul 21
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Transporte de passageiros no Rio virou um pesadelo depois que privatizaram os trens (por Sindimetrô/RS)
Transporte de passageiros no Rio virou um pesadelo depois que privatizaram os trens (por Sindimetrô/RS)
Nos anos de 2019 e 2020, foram registrados dezenas de problemas operacionais. Na foto, colisão de dois trens na Zona Norte do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2019. (Foto: Tânia Regô/Agência Brasil)

Sindimetrô/RS (*)

Após 22 anos de privatização, o principal  transporte de passageiros da Baixada Fluminense agoniza. O serviço de trens urbanos da região metropolitana do Rio de Janeiro, prestado pela SuperVia, pode ser definido como um desastre.

No ano de 2019 e 2020, foram registrados dezenas de problemas operacionais, além de incontáveis conflitos externos que afetaram o funcionamento do sistema.

Só neste ano de 2021, ocorreram atrasos nos trens por problemas no atendimento, no dia 13 de janeiro; houve um descarrilamento em 27 de janeiro, causando pânico aos passageiros; no dia 2 de fevereiro, o trem simplesmente parou, e os passageiros tiveram que caminhar 2 quilômetros na via férrea; dois dias depois, 4 de fevereiro, aconteceu mais um descarrilamento na via.

Falta de investimento em infraestrutura e tecnologia, trens obsoletos, superlotação, integração ineficiente, falta de segurança, estações sucateadas, péssimo atendimento aos usuários e uma dívida de bilhões de reais colocaram a SuperVia entre um dos piores serviços de transporte ferroviário de passageiros e o mais caro. A previsão é que até março a passagem unitária aumente de R$ 4,70 para R$ 5,90.

A privatização da privatização

A concessão para a SuperVia explorar o serviço foi por cinquenta anos. Em 28 de fevereiro de 2021, serão completados dois anos que a Odebrecht vendeu o controle acionário da SuperVia para a japonesa Mitsui.

É interessante observar que a concessionária não fez os investimentos previstos no contrato de 50 anos e ainda vendeu a concessão pública por R$ 800 milhões.

Onde estavam as autoridades brasileiras que permitiram às empresas burlarem os contratos dessa maneira?

Nenhuma melhoria apresentada nesses 2 anos e os empresários japoneses mandaram um recado aos governos estadual, federal e municipal:

– Em agosto de 2021, o sistema pode entrar em colapso, se não aportarem recursos para viabilizar a operação.

Agora o argumento é a pandemia, mas 22 anos não foram suficientes para cumprir a promessa de melhorar o serviço?

O conglomerado japonês Mitsui, que tem como braço responsável pela mobilidade urbana a Gumi, já demonstrou interesse em adquirir a CBTU e a Trensurb, conforme informou reportagem do jornal Valor Econômico.

A população gaúcha vem sendo alertada,  sistematicamente, pelo Sindimetrô que a privatização da Trensurb será um retrocesso para o principal transporte metropolitano de passageiros.

Essa privatização é muito ruim para os metroviários, mas será uma tragédia para a população.

(*) Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul (Sindimetrô/RS)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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