Marcelo Sgarbossa (*)
A sensação que se tem é que voltamos ao início do Século XX, quando trabalhadoras e trabalhadores lutavam para tentar garantir direitos mínimos. Não podemos esquecer que a jornada chegava a 12 horas diárias de trabalho. O que vemos hoje, com essa ofensiva do capital financeiro, não é só uma questão de garantia de direitos, mas de sobrevivência, e da própria dignidade das pessoas.
Ataques são muitos, sempre com o falso discurso de gerar novos empregos. Para desmentir essa falácia, basta lembrar os discursos em defesa da Reforma Trabalhista do golpista Michel Temer (MDB). O resultado é o aumento do desemprego.
Para ilustrar a dura realidade, o Cadastro Geral de Empregos registrou a perda de 43.196 vagas com carteira assinada em março. Nesta seara de perdas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou decreto reduzindo o valor do reajuste do salário-mínimo, aprovado pelo Congresso, que caiu de R$1.006,00 para R$ 998,00. Vale ressaltar que a perda do poder de compra tem forte impacto sobre a economia.
Outro ponto negativo é a precarização dos postos de trabalho que impera com as terceirizações, não levando em conta as consequências danosas na saúde de quem trabalha. A exaltação da meritocracia, associada à responsabilização individual pelo sucesso ou pelo fracasso profissional, é uma ideologia vendida pelo mercado como o caminho da felicidade.
A entrega das empresas estatais ao capital privado estrangeiro ou multinacional também aumenta o custo social deste desmonte do setor público. A ideia de que tudo tem de ser lucrativo é um discurso que não respeita as pessoas. Dentro desta lógica, onde se rompe com o Estado Democrático de Direito com golpes parlamentares, trabalhadoras e trabalhadores acabam sendo tratados como seres descartáveis, com pouca (ou nenhuma) assistência do poder público.
A bola da vez agora é a Reforma da Previdência, que o capital e a grande mídia tentam impor como a solução para todos os problemas. Para atingir o objetivo, anuncia-se a compra de deputados com a liberação de emendas, mais um escândalo com dinheiro público, que alguns chamam de Bolsolão. Mas quem vai pagar essa conta mais uma vez é a população, que corre o risco de não se aposentar e também ficar sem receber a aposentadoria, caso o plano de capitalização seja aprovado.
O 1º de Maio é uma data que precisa servir de alerta. Se não temos nada a comemorar, precisamos fortalecer a mobilização para evitar novos retrocessos. O Brasil não pode mais andar na contramão.
(*) Vereador e líder da Bancada do PT Porto Alegre