Paola Loureiro Carvalho (*)
Governo Bolsonaro, desesperado com a perda de popularidade histórica e marcado nesses cem dias pelas propostas de retirada de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, anuncia o 13° pagamento do Bolsa Família só que, para isso, os beneficiários vão ficar sem reajuste este ano.
Atualmente 14,1 milhões de famílias recebem o Bolsa Família todos os meses, num benefício médio de R$186,94. Nesses mesmos cem dias de governo, mais de 400 mil famílias foram excluídas do programa, seguindo uma sequência de desligamentos proposta por Temer. Além dos cortes sucessivos no Benefício de Prestação Continuada – BPC.
Em uma ação séria e comprometida em combater a fome e a miséria, nos primeiros meses de Governo da Presidenta Dilma, foi proposto reajuste de 45% do valor do benefício, associando ações de segurança alimentar e nutricional, educação, saúde e qualificação profissional. Nos governo do presidente Lula, a cada reajuste do salário mínimo, reajustava-se os benefícios do programa.
Bolsonaro dá com uma mão e tira com a outra. O valor do 13° pagamento significará um reajuste de 8,5%, porém somente será pago em dezembro. Vale destacar que jamais seremos contra uma ação de distribuição de renda e de ampliação do Programa que é marca significativa das ações priorizadas nos governos Lula e Dilma, reconhecida no mundo. Mas precisamos entender que a fome que volta a assombrar milhares de famílias, a mortalidade infantil que volta a crescer depois de 10 anos e os mais de 13 milhões de desempregados, aguardam anúncios reais e imediatos. Quem tem fome, tem pressa!
Como acreditar na real preocupação com as pessoas que mais precisam, quando os cortes nas áreas da saúde e educação, além da própria assistência social se ampliam a cada dia? Uma ação isolada não combate a pobreza, não garante as refeições do dia a dia, só alimenta a demagogia.
Só pra lembrar: ao mesmo tempo que anuncia como ação o investimento de R$2,5 bilhões com o 13° pagamento, apóia o perdão da dívida do agronegócio de R$17 bilhões. Fica aqui a real prioridade deste governo.
Foi-se o tempo da benesse, lutamos muito pelos nossos direitos. Não aceitaremos nenhum retrocesso. Nenhum anúncio de lobo em pele de cordeiro.
(*) Assistente Social, Especialista em Gestão de Políticas Públicas, Mestranda na UFRGS.
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