Opinião
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4 de janeiro de 2019
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10:54

Sobre o “discurso de ideologia de gênero” e o “fim do politicamente correto” (por Suelen Aires Gonçalves)

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Sobre o “discurso de ideologia de gênero” e o “fim do politicamente correto” (por Suelen Aires Gonçalves)
Sobre o “discurso de ideologia de gênero” e o “fim do politicamente correto” (por Suelen Aires Gonçalves)
A cada 90 minutos temos uma “princesa” sendo morta por um “príncipe”. Foto| Elza Fiúza/Agência Brasil

Suelen Aires Gonçalves (*)

Atenção,

Estamos nas primeiras horas do governo fraudulento de Jair Messias Bolsonaro e seu governo e ministros já mostram a verdadeira face da sua política.

Eu, como cidadã e pesquisadora me sinto constrangida em ouvir pelas “Bocas de Matilde” um conceito tão caro para nós: GÊNERO. Não existe ideologia mais trágica do que a da promoção da ignorância, o discurso de “ideologia de gênero” e “o fim do politicamente correto” nada mais é de que legitimar:

62.000 vítimas de homicídio no Brasil.[1]

O meio utilizado para ceifar inúmeras vidas é a arma de fogo.

De cada 10 vítimas, sete foram mortas por arma de fogo [2], em 2016.

Que a cada 45 minutos temos uma “princesa” sendo estuprada por um “príncipe”. E/ou um “príncipe” sendo estuprado por outro “príncipe”.[3]

Existem duas fontes principais de dados de estupro no Brasil: os registrados nas polícias.

Enquanto a polícia registrou 49,5 mil estupros em 2016, a saúde contabilizou 22,9 mil.

Sobre seus autores, ou melhor, os “príncipes”, na sua maior parte, por amigos ou conhecidos (30%) e pai ou padrasto (24%). Apenas 9% são abusadores desconhecidos.

Que a cada 90 minutos temos uma “princesa” sendo morta por um “príncipe”.[4]

São 4.473 homicídios contra mulheres em 2017, um aumento de 6,5% em relação a 2016. Isso significa que uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil.

Que a cada 23 minutos temos a morte da juventude negra e periférica.[5]

A maior parte das pessoas assassinadas no Brasil é jovem.

Das 62 mil vítimas de homicídio, 33,6 mil tinham entre 15 e 29 anos – na grande maioria, homens.

A morte da população LGBT no Brasil, somos o país onde mais se assassina homossexuais no mundo.[6]

Promoção da ignorância, NÃO!

(*) Socióloga

Notas

[1] Dados do Atlas da Violência 2018.

[2] Dados sobre mortes provocadas por arma de fogo no Brasil.

[3]Dados sobre violência sexual no Brasil.

[4] Dados sobre Feminicídio no Brasil.

[5] Dados sobre homicídios de jovens no Brasil.

[6] Sobre informações de mortes de LGBT´s no Brasil.

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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