Opinião
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2 de setembro de 2018
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11:19

A democracia brasileira é refém do poder econômico (por Eduardo Silveira de Menezes) 

Por
Sul 21
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A democracia brasileira é refém do poder econômico (por Eduardo Silveira de Menezes) 
A democracia brasileira é refém do poder econômico (por Eduardo Silveira de Menezes) 
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Eduardo Silveira de Menezes (*)

 Já faz algum tempo que não acredito em grandes transformações pela via eleitoral. Isso se intensificou, obviamente, nos últimos anos, quando percebi a determinante interferência dos poderes Econômico e Judiciário em decisões que deveriam caber ao conjunto da população.

A aprovação da terceirização irrestrita e da reforma trabalhista, o aumento abusivo do salário do Judiciário, o perdão das dívidas decorrentes de sonegação de impostos por parte de bancos privados – como no caso obsceno do Itaú, os privilégios concedidos a filhas de militares, a falta de fiscalização dos crimes ambientais cometidos por grandes empresas e a naturalização do trabalho escravo são alguns dos exemplos de que não se consulta a população sobre decisões que afetam a todos.

Quem tem grana é quem manda! A mídia é patrocinada por esses mesmos privilegiados, que colocam e retiram do poder quem bem entendem. Foi assim com a eleição e impeachment de Collor; com a eleição de FHC e sua política de distribuição de outorgas para emissoras afiliadas da Globo, com a aceitação de Lula, desde que fizesse um governo de coalizão com a direita (avalizado pela Carta aos Brasileiros); com a farsa do impeachment de Dilma, para que pudessem aprovar, com maior rapidez, reformas e reajustes que prejudicam os trabalhadores e aumentam seus privilégios, e novamente agora, com o impedimento de Lula e seu cárcere político, já que o que vale para o petista não vale para outros políticos, sobretudo os do PSDB.

O poder econômico “se adapta” ao que melhor puder atender os seus interesses. Esse é o verdadeiro fator responsável pela manutenção das desigualdades, da violência e da corrupção em nosso país. Mas, por diferentes motivos, as pessoas não querem enxergar o que faz com que se sintam como ratos a andar em círculos em gaiolas mentais. O mercado aposta na “ideologia” que melhor puder atender os seus interesses privados, em uma dada conjuntura política. Para eles tanto faz. Desde que tenham as rédeas da situação.

No início deste século, algumas políticas sociais eram emergenciais para evitar uma convulsão social. Por isso a aceitação de Lula e dos governos de coalizão do PT. Agora, com a crescente falta de consciência de classe e o ódio às diferenças, os agentes do mercado pensam que é a vez de Bolsonaro ou de um outro candidato qualquer que governe com redução do Estado – jogando com palavras de ordem conservadora – para assegurar a manutenção de privilégios aos de sempre. Só não vê quem não quer.

(*) Eduardo Silveira de Menezes atua como jornalista no Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região. É doutor em Letras – com ênfase em análise do discurso midiático e político – pela UCPel e mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos. E-mail: dudumenezes@gmail.com.

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