Opinião
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6 de agosto de 2018
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13:55

Legalidade e legitimidade (por Franklin Cunha)

Por
Sul 21
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Legalidade e legitimidade (por Franklin Cunha)
Legalidade e legitimidade (por Franklin Cunha)
Giorgio Agamben  (Foto: Divulgação)

Franklin Cunha (*)

A tese de Giorgio Agamben, filósofo italiano, marxista e católico, é fundamental para entendermos nossa situação política e econômica atuais. Diz ele que a distinção feita entre dois princípios essenciais da tradição ético-política ocidental, a legitimidade e a legalidade, parece ter sido esquecida e perdido toda a consciência delas por nossas sociedades modernas.

Os poderes e as instituições, afirma Agamben, não se encontram deslegitimadas porque caíram na ilegalidade, mas pelo contrário, a ilegalidade está tão difundida e generalizada porque os poderosos perderam toda a consciência de sua legitimidade. Porém não devemos pensar que poderemos enfrentar as crises de nossa sociedade pela ação – evidentemente necessária – do poder judicial.

Uma crise que golpeia a legitimidade não pode ser resolvida no plano do direito institucionalmente estabelecido. A sua hipertrofia acaba de desembocar, por meio de um excesso de legalidade, na perda de toda a legitimidade essencial.

As tentativas insuficientes da Modernidade de fazer coincidir legalidade e legitimidade, procurando assegurar a legitimidade de um poder pelo tradicional direito positivo, deu como resultado o incontornável processo de decadência no qual entraram nossas instituições democráticas.

(*) Médico, membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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