Opinião
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27 de julho de 2018
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21:23

Ordem unida: Alckmin (por Frei Sérgio Antônio Görgen)

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Ordem unida: Alckmin (por Frei Sérgio Antônio Görgen)
Ordem unida: Alckmin (por Frei Sérgio Antônio Görgen)
“O comando executivo do golpe deu a ordem unida: todos com Alckmin”. (Foto: Alan Santos/PR)

(*) Frei Sérgio Antônio Görgen ofm

Ordem unida é quando um comandante alinha a tropa, ordena o rumo e a partir daí todos marcham disciplinadamente numa mesma direção.

O comando executivo do golpe deu a ordem unida: todos com Alckmin.

A tropa perfilou e inicia a marcha. A direita tem candidato.

Porém.

Pode ser tarde.

O “Capitão” Bolsonaro pode ter ido longe demais, sua tropa é numerosa e podem não obedecer à ordem unida e o tempo de convencimento de parte desta tropa tenha passado do ponto.

E o “Resistente” Lula de Curitiba também pode ter ido longe demais e ter se tornado imbatível em qualquer cenário e consolidado uma barreira popular intransponível.

E outro porém.

O escolhido pode não ter sido o melhor. O Geraldo é “Intragável” na goela do povo. Não encanta nem entusiasma, e não tem brilho, É mais do mesmo golpe rejeitado nas ruas, do desemprego, da fome, do gás caro, e muitos outros eteceteras dolorosos. E quando o roteiro é ruim, o ator principal tem fraco desempenho e os coadjuvantes são péssimos, nem a Globo faz milagre.

Caso isto se confirme, e há grandes probabilidades de que tal aconteça, vão permanecer no páreo, quando o fim de setembro chegar, o “Capitão” e o “Resistente”.

O “Intragável” projeta a continuidade do que está aí. Mas é o que eles têm, para parafrasear um sociólogo famoso e também já sem os brilhos de antanho.

O “Capitão” projeta a volta ao passado, de uma ditadura onde “as coisas funcionavam”. Mas pode ter na sociedade brasileira uma mistura de fascismo, saudosismo e necessidade de segurança em tempos incertos, de tamanho suficiente para sustentar o “Capitão” de pé até outubro. Mas passado não tem futuro.

E o “Resistente” projeta esperança de dias melhores alicerçada nos feitos de passado recente e na confiança construída no entorno do símbolo de que dias melhores são possíveis.

O “Resistente”, no entanto, depende da tenacidade, da firmeza e da capacidade mobilizadora dos seus. Se tiver, será Presidente.

É sempre muito difícil construir “ordem unida” na esquerda institucional. Talvez até seja bom que assim seja. Inocula proteção contra hegemonismos.

Mas no grave tempo em que vivemos, as maiorias trabalhadoras e populares, e a militância de esquerda popular, generosa e aguerrida, também estão se perfilando em Ordem Unida: e é pela volta do “Resistente”. E com o olhar fixo na construção da esperança, da soberania e do futuro, com ele Presidente e as forças populares tentando tomar nas mãos a condução do seu próprio destino.

(*) Frade Franciscano, Militante do MPA e autor do livro “Trincheiras da Resistência Camponesa”.

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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