O Rio Grande do Sul tem uma grande e moderna oportunidade econômica com a produção pecuária orgânica. Temos tecnologia avançada, experiência, mercado e legislação para produzir carne orgânica e sairmos da prisão da carne convencional, lucrando em torno de 30% mais e com custos menores.
A produção orgânica de carne melhora a vida de todos, pois não usa produtos artificiais no tratamento dos animais, os alimenta com vegetais sem veneno e permite que tenham uma vida digna com espaço para andar e se relacionar com sua espécie. A consequência é uma carne saudável, sem resíduos tóxicos de agrotóxicos, antibióticos ou hormônios que o mundo inteiro quer consumir. Poucos como nós, podem produzir com esta alta qualidade.
É uma importante chance de melhorarmos a alimentação e ainda exportarmos a melhor e mais lucrativa carne do mundo. Temos animais de primeira, como os Hereford, Angus e muitas outras raças europeias; temos o bioma Pampa, formado por campos nativos com cerca de 140 espécies vegetais diferentes para alimentar estes animais de forma natural e sustentável, coisa que nenhum outro país além do Uruguai e Argentina possui.
O estado está ligado à pecuária desde o início de sua colonização e, neste tempo todo, os pecuaristas sobrevivem com alguns períodos melhores e outros difíceis. A metade sul busca, há muito, uma forma de desenvolver-se que propicie trabalho e riqueza para a região. Com a alternativa da carne orgânica temos a possibilidade de 30% a mais de riquezas na região, alterando seu cenário de forma positivamente impactante.
Mas o que muda não é apenas mais dinheiro e carne saudável. Junto com isto os produtores rurais são os mais beneficiados, pois além do lucro deixam de lidar com agrotóxicos, de bebê-los na água contaminada e passam a comer carne mais saudável. Para os habitantes da cidade os ganhos se reproduzem com água mais limpa e comida saudável.
E o outro ganho ambiental de grande importância, é que pela primeira vez poderemos ter a preservação real do bioma Pampa, do qual 42% foi destruído, pondo em risco a riqueza da região.
A procura internacional de carne orgânica é enorme e a produção limitada. A Europa não tem as condições gaúchas para criar a começar pelo fato da maioria das áreas serem fruto de desmatamentos e não tem clima favorável.
A nova classe média chinesa, que vive no meio da poluição, tenta qualificar sua alimentação, não quer comer carne convencional contaminada e busca carne orgânica em quantidade. Os EUA não conseguem produzir o suficiente para abastecer seu próprio mercado, que cresce muito.
Alguém têm dúvida de que estamos diante de uma oportunidade única de mudar a história econômica de nosso estado?
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Francisco Milanez é Coordenador do Plano RS Sustentável.