Opinião
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15 de julho de 2014
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12:09

Confissão da derrota (por Paulo Tedesco)

Por
Sul 21
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Confissão da derrota (por Paulo Tedesco)
Confissão da derrota (por Paulo Tedesco)

Quando do massacre perpetrado pelo Barcelona contra o Santos, poucos anos atrás, na final do Mundial Interclubes da FIFA, havia me manifestado com um artigo onde me dizia triste e decepcionado, afinal um sentimento de despertencimento, associado à vergonha da derrota, traziam-me o amargo de ser fã de um esporte condenado pela espoliação, não somente de nossos jogadores mas de nosso estilo, nossa alma que começava nos campinhos e terrões Brasil afora e terminava distorcida porém ainda eficaz em campos barceloneses, e muito ricos.

Pois a vitória do Corinthians diante do Chelsea, em nova final de mundial interclubes da FIFA, me reconfortou diante das lembranças que a derrota de um time como o Santos possa nos trazer. O reconforto, porém, não foi de todo, pois o time brasileiro não enfrentava um time de ingleses, e sim um time multinacional, sem alma. O que digo é simples, o Corinthians havia ganhado de um time, que embora tivesse brasileiros na titularidade, não tinha nosso estilo nem pretendia, e a esquadra corintiana tampouco praticara o legítimo futebol brasileiro, que times como o Santos tão bem nos lembra.

Chega, então, o ano de 2014, Copa do Mundo no Brasil. Desde as primeiras partidas do selecionado canarinho víamos uma vacilação estranha em campo, ora, pouco tempo atrás estava tudo redondo, a Copa das Confederações havia sido redonda, exceto pelas manifestações e pela histeria midiática anti-governo, tudo tinha saído na perfeição a que se propunha, dentro e fora dos estádios. Mas o mesmo não se via no selecionado brasileiro, um desencaixe, um falta não sei de quê, não fazia o time jogar como já havia jogado. Pensei eu, e não sem alguma razão, que o monstro da Copa, agora real, oficial e não mais um teste, pesava e seguia pesando naquela gurizada e seu técnico cabeça quente.

Eis que chegamos à semifinal diante de um gigante bem organizado, disciplinado e que fazia muito jogava junto, nada ali era remendo, nada na seleção alemã era improviso, e isso se via desde as primeiras partidas. O resultado todos sabem: ATROPELAMENTO. Fomos atropelados por eles e o velho sentimento da partida do Santos retornou, nesse momento não somente mais de espoliado, o sentimento foi de engodo, isso mesmo, alguém esteve nos enganando desde a  quase esquecida troca do técnico Mano Menezes por Felipão, e da estranha e nunca explicada não aceitação de Muricy pelo cargo de técnico da seleção brasileira de futebol. Ninguém, até hoje, decifrou o que ocorreu naquele instante.

Não seria passível pensar em algum tipo de golpe? Dinheiro pesado associado à política da FIFA, essa que sempre amiga do PSDB e da oposição? De interesses estranhos ao país? Será que contratar o Felipão, este já campeão e com fama, não foi cortina de fumaça? A lesão do Neymar, provocada e mal explicada? O amarelo que nos tirou o capitão da defesa, proposital?  Sendo o Brasil franco favorito, e dadas as consequências político-financeiras para certos setores, é de se imaginar um novo golpe, como aquele mesmo que nos foi aplicado na Copa da França. Será, então, que alguém comprou alguém? Não, deixemos assim, vamos dormir pensando que nosso futebol foi para o espaço sideral germânico por pura desatenção e despreparo, acontece, afinal. Merecemos de alguma maneira o que ocorreu…

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Paulo Tedesco é coordenador e ministrante da Oficina do Livro, além de consultor, editor e escritor.

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