Opinião
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7 de abril de 2014
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13:58

Esquecer e Silenciar, Jamais (por Alessandra Xavier Miron)

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br

Há 50 anos o Golpe instaurava uma ditadura no Brasil. Passamos a viver um período de repressão e violência. Neste meio século, nosso país mudou muito, mas as marcas do autoritarismo, da exclusão e da discriminação ainda persistem. As violações de direitos intensamente presentes naquele período se atualizam de diferentes formas no contemporâneo e, diante desta realidade, é que o Conselho Regional de Psicologia entende como sua atribuição junto à categoria profissional e à sociedade estimular reflexões, debates, ações no sentido de jamais esquecer o que vivemos no passado e, tampouco, silenciar diante do que estamos vivendo hoje.

Assim como outras profissões instituídas no país nos anos 60, a Psicologia carrega em sua história as marcas de um tempo em que, em nome de ideais de modernização, ordem e progresso do país, muitos profissionais se colocaram a serviço de certa normalização e adaptação dos indivíduos à sociedade, sem maiores críticas com relação aos efeitos dessas práticas.

Não podemos nos furtar a pensar sobre os saberes constituídos pela Psicologia em nosso país naquele momento histórico, sobre as práticas de psicólogos naquele cenário, sobre as contribuições da categoria profissional para os movimentos, tanto de apoio quanto de resistência, ao regime de governo. Mas, mais do que isso, não é possível – enquanto instituição que orienta a profissão zelando por seus princípios éticos e visando seu desenvolvimento – que deixemos de promover o debate acerca de como esses saberes e práticas reverberam em nosso cotidiano ainda hoje e quais as conseqüências que daí advém.

No momento em que lembramos os 50 anos do Golpe, convidamos a sociedade a refletir sobre como, hoje em dia, temos nos posicionado diante das diferentes formas de violação de direitos que, de tão recorrentes, parecem banais? Como nos posicionamos diante do racismo cotidiano? O que temos pensado sobre as diferentes orientações sexuais? Com que silêncios pactuamos em espaços de privação de liberdade? Que ações de higienização das cidades temos apoiado? O CRPRS entende que é seu papel promover esses debates junto à sociedade, colaborando para a construção de processos democráticos em nosso estado.

Alessandra Xavier Miron é Conselheira do Conselho Regional de Psicologia do RS

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