Por Cássio Moreira
Em artigo anterior escrevi (http://homolog.homolog.sul21.com.br/jornal/
Caso em 2014 seja o presidente Lula o candidato, existiria a possibilidade de Dilma voltar depois ou o próprio Lula tentar nova reeleição, algo improvável em virtude do avançado de sua idade. Caso Dilma se reeleja, quem seria o candidato do PT para 2018? Postulantes surgem nesse cenário dinâmico. O PT tem alguns nomes de projeção nacional. Tarso, Maria do Rosário, Jaques Wagner, o próprio Haddad ou até mesmo o atual ministro Guido Mantega… caso se eleja governador de SP em 2014. Outros nomes surgem nesse cenário longínquo. O PCdoB trabalha no projeto Manuela governadora 2018-presidenta 2022 ou antes. Contudo o grande nome que surge é de Eduardo Campos do PSB para 2018. Por isso, foi extremamente importante o crescimento do PSB nessas eleições de 2012, para assim, desbancar o PMDB do posto de vice. Acredito que será um erro estratégico o PSB lançar candidato em 2014, mas sim, ter Eduardo Campos como candidato a vice-presidente.
O PT vive, assim como os demais partidos, um problema de renovação de quadros e o fato de ser governo traz ao partido uma tendência de ir perdendo espaço no campo eleitoral. Seria muito bom, inclusive para o próprio PT, que surgissem forças políticas consistentes à sua esquerda. Infelizmente, as alternativas existentes ainda não conseguiram superar o pragmatismo, a falta de um projeto consistente e viável à esquerda (baseado na doutrina trabalhista, pois esse é o único projeto verdadeiramente de esquerda dentro do espectro capitalista) e a obsessão em eleger o PT como principal adversário.
O PSB pode e deve ser essa alternativa. Mas pra isso não deve ser uma alternativa ao PT, ou antipetista, e sim uma alternativa de esquerda e não ao PT. Deve crescer ao lado do PT e aos poucos e de forma natural ser a continuação desse projeto trabalhista em curso, com fortalecimento do estado, da distribuição de renda e avançarmos para as reformas de base. Iniciado com Vargas, depois com a tentativa de aprofundamento com Goulart do PTB antigo, e atualmente resgatado e retomado com Lula-Dilma do PT.
O grande cuidado que o PSB deve ter, e o risco ainda não tem mensuração, é de que as forças conservadoras de direita usem o PSB como forma de enfrentar o projeto trabalhista em curso com o PT, essa aproximação da direita com o PSB seria uma forma de enfrentar a presidenta Dilma já que a oposição tradicional se encontra enfraquecida. Um desses caminhos seria a aliança com o PSD, e de forma mais extrema e improvável, com uma possível fusão entre as duas siglas surgindo então o Partido Social Brasileiro mas continuando com a sigla PSB. Se por uma lado essa fusão tornaria o PSB a maior bancada na câmara federal e um dos maiores partidos do Brasil, por outro lado poderia levar o PSB a se tornar um partido de centro-direita e de oposição ao PT e ao projeto trabalhista.
O antídoto é a construção de um projeto solido de esquerda para afastar-se do proselitismo eleitoral e do cretinismo parlamentar tão comum aos partidos de direita, para isso os quadros do partido devem ler mais Alberto Pasqualini: http://sul21.com.
* Cássio Moreira é economista, doutor em Economia do Desenvolvimento (UFRGS) e professor do IFRS – Campus Porto Alegre.www.cassiomoreira.com.br