Opinião
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7 de outubro de 2012
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14:21

Curumin, uma defesa pública da alegria

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br

Por Luciano Viegas

na liberdade,
Isso cheira bem, cheira pimenta.

(diz no Arrocha, de 2012)

Eu mesmo fui lá no mar, no mangue, ou seja, minha vida narrada por Curumin. Por cada gota de sangue. Pra quem não sabe, Curumin é personagem do Dragon Ball Z, além de baterista paulistano. Eu, que saí de Porto Alegre e dei com os burros em terra no caos celeste Recife-Olinda. Me localizei. E comecei a fazer pouco caso de Porto Alegre. Cidadezinha safada, não pela má vontade das pessoas. Muita gente tentando fluir a coisa toda. Mas os defensores do município resolveram cacetetear os moços alegres aqui do Porto. Lástima de quem está voltando pra casa e encontra os amigos agredidos na frente da delegacia.

Depois de tanto tempo Porto Alegre me pareceu bem legal, parquinho de diversões mesmo, até aí. Não é que o declive desta cidade esteja mais sutil, sempre foi essa desgraceira, mas as coisas me pareciam mais suaves nessa revisita. Digamos que a Coca-Cola estivesse dando conta do recado. A solução do grupo de amigos é comprar uns engradados e beber em casa. Conclusão: o convívio social está mais ou menos proibido por aqui, só que agora é democracia since 1985.

Oficialmente, não, Porto Alegre é pra ser a melhor cidade do mundo (tem até a rua mais bonita do mundo ali perto do Shopping Total). Ontem eu andava pelo Centro quando um OVNI do Fortunati, com letreiro digital, me lembrava que, no próximo domingo, é dia de justificar a ausência do voto. Dá mais trabalho anular, fazer uma viagem até a outra cidade da votação, então deixa assim. Vou ficar por aqui, de olho na pancadaria, caso a gestão corrente não consiga se reeleger. Porque se der errado pro Fortunati, ele provavelmente vai explodir tudo, descer a lenha, de covarde. Já é a prática diária da segurança pública porto-alegrense (coca-colense).

  1. Breve explicação sobre esta escrita: embora nem pareça, estamos fazendo uma crítica sobre o show de Curumin no Beco, esse carequinha de SP com tanto brilho na cabeça. O contexto mágico da apresentação por ora se imiscui com a defesa pública da alegria na frente da prefeitura. Alegria certamente defendida por Curumin. Daí toda a confusão.

Selvagemente, Curuma nos revelou o segredo da caixa preta, ainda que à saliência: não tem explicação. Cheguei em Porto Alegre numa semana bem agitada de música baiana, pernambucana, paulista, tudo com limão e gelo. Tudo muito bonito, até parecia de verdade, então os amigos atirados na frente da delegacia da polícia, prestando queixa contra a própria polícia, que defendeu a população (da raivosa alegria dos meus amigos). Já peguei um nojinho outra vez dessa cidade. Posso me voltar outra vez pros abraços de aspartame e plástico, Capibaribe.

Antes do Fim, já diria Belchior, louvado seja Curumin! (Wannabe Japa)

Afoxoqueador, faca de dois gumes, esse moço. O Beco de tantas névoas anda meio perfumado e o segurança tocou no meu braço pra avisar que eu estava errado. Fui cínico, que já tinha acabado, pisei em cima. Dei razão. Ainda que Porto Alegre tenha sido excitante em alguns bons momentos, convenhamos que esta cidade faliu já faz uns dias. Foi enterrada viva, junto com um monte de alegria. Mas não devemos nos orgulhar de tomar surra. Cacetete não é legal, Fortunati é o meu cacete(te). Qual o sentido de ir na delegacia reclamar que o delegado te bateu? Provocar uma risadinha no delegado, chefe da polícia, ele que ordenou o massacre. Muito baixo astral sair de casa pra defender a alegria e tomar um laço, como se ainda fosse Revolução Farroupilha ou festa de boiadeiro. Nem o badoque do seu novo amor vai me segurar, me derrubar, meu bem. Boas eleições, domingo, pra quem acredita nisso.

Luciano Viegas jornalista frustrado


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