Por Carlos Todeschini *
O Projeto de Lei, aprovado e promulgado pela Assembleia Legislativa, autorizando as queimadas no RS representa um retrocesso para o desenvolvimento sustentável. A norma está na contramão do que foi proposto pelo Ministério da Agricultura, quando apresentou uma campanha de alternativas para as práticas das queimadas.
A maior preocupação deve ser sensibilizar as comunidades para a questão e oferecer tecnologias que substituam o fogo nos sistemas de produção. Na maior parte do Estado, as queimadas se tornaram prática agrícola para controle de pragas, limpeza de áreas, para o plantio e renovação de pastagens.
As alternativas para evitar essa ação já foram desenvolvidas por ambientalistas e pesquisadores. Inclusive, a Embrapa possui acervo tecnológico com soluções e alternativas para aqueles que usam a queima no manejo. Há medidas sustentáveis e, ao mesmo tempo, eficientes para o trabalho de enriquecimento do solo sem a utilização do fogo.
O RS é reconhecido por abrigar um ótimo solo, de condições altamente favoráveis aos produtores. A terra, assim como um ser vivo, não é compatível a ação do fogo, mesmo que seja para otimizar o trabalho. A prática da queimada pode resultar em um empobrecimento gradativo do solo, que perderá seus nutrientes essenciais.
A eliminação dos microorganismos essenciais para a fertilização altera o ecossistema e contribui para ação da seca sobre os campos, trazendo prejuízo para o produtor e ao cidadão gaúcho. Por isso, o caso torna-se mais grave tendo em vista às últimas estiagens que temos enfrentado.
Tornar legal a queimada como uma solução não pode ser a saída para o desenvolvimento. Se de um lado, a queimada facilita, de outro afeta a biodiversidade, aumenta o processo de erosão do solo e deteriora a qualidade do ar.
As iniciativas voltadas ao ambiente devem visualizar um desenvolvimento sustentável. Por isso, a ação deve ser vetada e as soluções viáveis apresentadas.
* Vereador de Porto Alegre e Engenheiro Agrônomo