Opinião
|
14 de fevereiro de 2012
|
11:00

As Malvinas são argentinas!

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br

Por Maurício Colares

Revelação dos crimes cometidos na Guerra das Malvinas e denúncia de militarização do Atlântico Sul.

Depois que a Inglaterra enviou para as Ilhas Malvinas há alguns dias um imenso “destróier” e, em seguida, o príncipe William para cumprir um treinamento militar, a presidenta Cristina Fernández Kirchner anunciou em discurso público a posição do Governo ante esses fatos que estão alterando os ânimos argentinos, onde se lê em todos os cantos placas e cartazes com o slogan: “Las Malvinas son Argentinas!”

O discurso ocorreu numa imensa e lotada Galeria dos Patriotas Latino-americanos na Casa Rosada, sede do governo, com a presença de pessoas e grupos, alguns dos quais nunca estiveram reunidos pela mesma causa: políticos da base do governo, oposicionistas, juízes, ex-combatentes da Guerra das Malvinas, organizações de direitos humanos, centrais sindicais, empresariais, bancários, estudantes e pessoas em geral.

O discurso e as medidas apontadas por ele têm por objetivo firmar palavras e ações que, em curto prazo, serão colocados na mesa do Comitê de Descolonização das Nações Unidas no dia 14 de junho deste ano e, posteriormente, farão parte da tentativa de forçar a Inglaterra a dialogar sobre a soberania das Malvinas nos dias 2 e 3 de janeiro do próximo ano, quando completa 180 anos a “usurpação” das ilhas, nas palavras de Cristina.

Os 30 dias da Comissão Rattenbach

Durante o discurso, a presidenta assinou o decreto que desqualifica o Informe Final da comissão encabeçada pelo general Agustín Rattenbach sobre as irregularidades e delitos cometidos durante a Guerra de Malvinas, em 1982.

Baseada nos pilares “memória, verdade e justiça”, a comissão, integrada por um membro do Ministério da Defesa, um do Ministério das Relações Exteriores e o coronel Agustín Rattenbach, filho do militar responsável pelo informe, terá 30 dias para informar a presidenta a respeito dos contecimentos de 1982. “Em 30 dias a Argentina vai a dar a conhecer não somente aos cidadãos argentinos, mas ao mundo inteiro o que for investigado por essa comissão”, disse Cristina.

Hospital de Saúde Mental para ex-combatentes

A presidenta anunciou ainda a inauguração do Hospital de Saúde Mental Ilhas Malvinas, dizendo que é uma “antiga reclamação” dos homens que combateram na Guerra das Malvinas. Ela recordou que o hospital será destinado a cuidar de ex-combatentes que carregam traumas e sequelas da malfadada guerra.

Sobre a militarização do Atlântico Sul

Na última parte de seu discurso, Cristina reforçou a soberania da Argentina sobre as Malvinas e, em consequência, a soberania sul-americana, referindo-se ao processo global de descolonização. “Estão militarizando o Atlântico Sul mais uma vez. Não podemos interpretar de nenhuma outra maneira, pelo maior esforço e vontade que façamos, o envio de um destróier acompanhando ao herdeiro real”, afirmou.

A chefa de governo anunciou que já instruiu ao cônsul argentino que apresente ante ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um “protesto formal à militarização do Atlântico Sul”, o que, segundo ela, implica “uma grave ameaça à paz da região”, afirmando também que a Argentina vai fazer um “protesto ante a Assembleia das Nações Unidas”, assinalou.

Para fechar seu discurso, Cristina citou outro inglês para se dirigir ao premier britânico David Cameron, Recitando um trecho da música Give Peace a Chance, de John Lennon: “Quero pedir ao primeiro ministro inglês que dê uma oportunidade à paz”. Como sempre, foi ovacionada.

Maurício Colares é estudante de cinema e literatura em Buenos Aires.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora