Por Adão Paiani
Escutei estupefato (“estupefato” não é palavra que se use todos os dias, então vou aproveitar, pois não me ocorre outra no momento), na tarde desta terça-feira (03), pela rádio Gaúcha, o ilustre Secretário da Educação do Rio Grande do Sul, José Clóvis de Azevedo, afirmar, peremptoriamente (essa palavra, como a anterior, também não se usa assim no mais, tem que ser numa ocasião de relevo), que a atual direção do CPERS Sindicato é sectária e não representa os anseios da categoria.
Não, definitivamente é o fim dos tempos. Eu pensava que depois do Michel Teló cantando seu hit de sucesso com o Neymar, na Rede Globo, na virada do ano, e o comando israelense fazendo coreografia do “ai, se eu te pego” (devia ser alguma mensagem subliminar para os palestinos…) em pleno deserto, não faltava nada para este início de ano apocalíptico e bissexto, mas me enganei. Viria mais: Um petista histórico chamando o Sindicato que ajudou a criar e fortalecer de sectário!
Fujam para as montanhas! O fim está próximo!
Duvido muito que algum petista tivesse a coragem de acusar a combativa direção do CPERS de sectária e não representativa enquanto o partido estava na oposição no RS. Foi necessário apenas um ano no governo para o discurso mudar. São posturas como essa que afastam muita gente boa da política, enojados com o discursinho fácil de quem, quando na oposição, demoniza os adversários e vende a idéia de dá para fazer tudo, sempre; bastando para isso “vontade política”. Mas, quando chegam ao poder precisam de apenas poucos meses para tomar um “choque de realidade” e mudar a cantilena e, a partir daí, atacar os antigos aliados que resistem – corretamente – em se apelegar.
Fica aqui a pergunta: neste imbróglio entre CPERS e governo, quem mudou mais, o Sindicato ou o PT. A direção agora acusada de sectarismo é a mesma de quando o PT estava na oposição. Não é difícil de responder.
Secretário do governo do PT no RS atacando o CPERS!
Depois dessa acho que vou começar a estocar comida.
O fim, realmente, deve estar próximo.