Opinião
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20 de dezembro de 2011
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00:13

Traído

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br

Por Paulo Tedesco

Assim me senti ao ver os quatro a zero do Barcelona no indefectível Santos da Vila Belmiro. A camisa 10 de Pelé humilhada daquele jeito para mim não serve. Por favor, mídia e imprensa, não tentem diminuir o tamanho da derrota, quem perdeu foi o futebol brasileiro, foi o Brasil, porque quem ganhou foi o Brasil exportado para a riqueza de outros olhos e bolsos, não os de brasileiros, e menos ainda do povo adorador de futebol.

Mas o descaramento da imprensa especializada e inespecializada só aumenta a sensação de traição. Raiva. Quem os jornalistas tentam enganar com o papo de que o Santos perdeu para um time estelar e com isso vê atenuada sua derrota? O Santos perdeu para um time com quase metade de brasileiros e outro tanto de argentinos, perdemos, então, para um combinado de espanhóis, argentinos e brasileiros, e pior, um combinado que domina nossas técnicas e táticas de futebol, inclusive a celebração efusiva aprenderam conosco!

Mas o Santos não perdeu uma partida como outra, uma decisão como acontece de ocorrer em times de futebol, o time do Santos, campeão da Libertadores e com um dos jogadores mais caros do atual futebol nacional, simplesmente não viu a bola. Aquilo, o tal de mundial de clubes da FIFA, foi jogo treino. Treino para o Barcelona e vexame para o futebol brasileiro.

São mais de vinte anos de exportação de craques, são outras décadas de locupletação dos dirigentes, são outros tantos anos de sujeição do melhor futebol do mundo aos mais diversos e escusos interesses, ou será que alguém até hoje engoliu a derrota da seleção brasileira para a França? Se lá, nessa dolorida decisão, não acordamos para o desastre do futebol nacional, será que acordaremos agora? Com a camisa 10 de Pelé humilhada e os jogadores dizendo que “tomaram aula de futebol” estando ainda dentro do campo?

Desculpas não me servem, servem, sim, ações. Não é o governo federal através do ministro do esporte o responsável pelo desastre, como talvez a Veja tente insinuar na próxima edição. Esperar pela Copa de 2014 dá arrepios. Nem é bom pensar. Talvez o negócio seja mesmo aproveitar o instante e promover novos esportes, talvez seja o momento de encerrarmos o monopólio do futebol, a grande imprensa não gosta disso, muito talvez não gostem, mas, na natureza, o que não evolui, involui, nosso futebol, portanto, involuiu e fenece, doloridamente.


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