Opinião
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31 de agosto de 2011
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09:11

O desenvolvimento sustentável vem dos ventos

Por
Sul 21
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Fernando Marroni

Semana passada a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promoveu disputa para contratação de novas usinas de geração de eletricidade. O leilão de energia A-3, com previsão de entrega da eletricidade até 2014, reuniu um total de 321 projetos de todo o Brasil. Destes, 240 foram para a instalação de usinas movidas por aerogeradores, o que demonstra o novo patamar que a energia eólica conquistou no Brasil nos últimos anos. Entretanto, mais significante do que toda esta energia ofertada, é o resultado obtido nos leilões.

Inegavelmente uma das formas de energia mais limpas e sustentáveis, a força dos ventos tinha até então como um de seus grandes impeditivos o alto custo. No entanto, desta vez a média de preço do megawatt tornou-se tão barato quanto outras fontes já consolidadas no país, como a hidrelétrica (R$ 102 o megawatt) ou a térmica (R$ 104 o megawatt). Para que se tenha uma ideia dessa evolução, em 2008 o megawatt era negociado a R$ 240, em 2009 a R$ 180, em 2010 a R$ 139 e agora, neste último leilão, atingiu a média de R$ 98, com uma queda de quase 30% em relação ao ano anterior.

Para os gaúchos, sobretudo, a notícia significa uma vitória histórica. Há mais de dez anos o Estado possui um completo mapeamento eólico que dá conta de todo o potencial eólico de nossas terras. Elaborado pela então secretária estadual de Minas e Energia, Dilma Rousseff, o estudo apontava à época uma capacidade de 20 gigawatts. Hoje, dados atualizados do Ministério de Minas e Energia indicam que o território gaúcho é capaz de produzir até 30 gigawatts; metade disso (13 gigawatts) no sul do estado.

A garantia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em construir linhas de transmissão entre a fronteira e o resto da região, possibilitou a Santa Vitória do Palmar e Chuí participarem do leilão e serem contemplados. Juntos, os dois municípios formarão um dos maiores parques eólicos do país e receberão investimento superior a R$ 1 bilhão para a instalação de uma usina composta por 212 aerogeradores capazes de produzir 424 megawatts.

Rio Grande, Santana do Livramento e Osório também tiveram projetos aprovados, fazendo com que o Estado passe a gerar mais 484 megawatts de energia para a rede elétrica nacional. Nosso desafio é dar continuidade a este processo de expansão, uma vez que a meta brasileira é aumentar a produção de energia eólica do atual um gigawatt para sete gigawatts até 2014. Objetivo plenamente viável graças à atual política industrial do setor. Hoje temos quatro fábricas de aerogeradores em atividade no Brasil e pelo menos outras quatro com intenção de se instalar no país. O Rio Grande do Sul tem, agora, o desafio de atraí-las.

Podemos afirmar com absoluta certeza que a partir dos resultados do último leilão da Aneel, tanto o Brasil quanto o Rio Grande passam a viver sob um novo paradigma de produção de energia. Vivemos em um país megadiverso, com matriz energética 75% renovável, sol 12 horas por dia de norte a sul, terras e águas abundantes e um potencial invejável para ampliar nossa produção de energia limpa. Somente com a força dos ventos somos capazes de, até 2020, gerar 14 gigawatts de energia, o equivalente a uma usina de Itaipu. Força suficiente para impulsionar o desenvolvimento social e econômico do país sem poluir. Sem dúvidas, um exemplo para o mundo e um alento para as futuras gerações.

Fernando Marroni é deputado federal (PT-RS)

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