Adeli Sell*
Fui questionado em alguns momentos se o PT estaria poupando o prefeito José Fortunati para uma possível aliança em 2012. Noutros, ouvi acusações de que o PT já teria selado um acordo com o PCdoB para as próximas eleições, em troca de apoio a Tarso Genro.
Nada disso é verdade.
O PT tem grande consideração pela figura e história do atual prefeito e pelo seu partido, o PDT, nosso aliado em nível nacional e que agora compõe o governo do Rio Grande do Sul conosco, apesar de ter apresentado candidato a vice na chapa de nosso principal adversário, o ex-prefeito Fogaça (PMDB).
Permanecemos atentos aos graves problemas da cidade, que não vêm sendo resolvidos pela atual Administração, cobrando resultados, propondo soluções, especialmente para a falta de cumprimento dos serviços básicos. Temos graves críticas à manutenção de nossas praças, calçadas e sobre o recolhimento de lixo, por exemplo. Além de outras inúmeras lacunas.
O PCdoB é nosso aliado histórico, apesar da candidatura Manuela nas últimas eleições. Hoje o PCdoB compõe os governos federal e estadual com o PT. É um aliado importante, como também é o PSB. Lembro ainda o novo PPL, que está para se legalizar e integra o governo junto com o PT, assim como o PRB, partido que tem forte ligação com a Igreja Universal.
O PT, mesmo fora da Prefeitura há seis anos, certamente tem a hegemonia das esquerdas e do campo democrático e popular na cidade de Porto Alegre. É o partido mais forte, o mais enraizado em todas as classes, especialmente nas classes populares. Mas, reconhecemos que ainda temos uma cidade dividida, grenalizada, entre dois grandes campos, aquele que nós hegemonizamos e o outro, que aglutina o antipetismo.
O PMDB, que nacionalmente compõe nosso governo na vice-presidência, aqui, na cidade e no Estado, tem posição majoritária completamente oposta à nossa, servindo de suporte às posições políticas mais atrasadas, como é o caso do DEM, PSDB e PPS. Isso nos distancia de vez do PMDB, bem como dos outros partidos citados. O PTB é um partido que está no governo Tarso, mas também compõe o governo Fortunati, sendo, portanto, um partido em disputa, com maior propensão a se aglutinar no futuro em torno do campo que nós representamos.
Este me parece ser o quadro concreto que temos diante de nós, com o qual eu trabalho a agenda 2011-2012.
O PT-POA decidiu apostar em 2011 numa agenda de organização interna forte e de aprofundamento de laços com a sociedade, especialmente com os movimentos sociais. Por isso, nosso empenho em ajudar na disputa do Conselho Tutelar.
Mas, também sei que temos que superar os preconceitos, os fortes senões que existem na classe média e na juventude local. Neste sentido, faremos movimentos de superação dessas barreiras. Vamos trabalhar desde já para termos nossa candidatura a prefeito, eu mesmo sou o primeiro nome a se colocar na disputa, esperando democraticamente que outros apareçam.
Como presidente do PT-POA, vou conduzir, como sempre, o processo da forma mais democrática possível, evitando o acirramento de ânimos. Depois, poderia vir o debate sobre coligações. Pessoalmente, não vejo qualquer tabu se nós, pela primeira vez em nossa história, viermos a ceder a cabeça de chapa. Mas, o momento agora é de reafirmar nossa hegemonia e nossa(s) pré-candidatura(s).
Caminhamos passo a passo, realizando e construindo novas ideias. No momento, estamos empenhados nos festejos dos 31 anos do PT, na organização de nossa Biblioteca, do Centro de Eventos do PT, dos debates de gênero, raça, juventude, entre outros tantos.
*Vereador e Presidente do PT-POA
