Opinião
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9 de agosto de 2010
|
14:34

O efeito Lula

Por
Sul 21
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Chionia T. Petry *

O resultado da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comício realizado, em Porto Alegre, de apoio à candidata do PT à presidência da República, não se fez esperar. Na pesquisa Ibope, divulgada neste final de semana, Dilma Rousseff aparece, pela primeira vez, dois pontos à frente do tucano José Serra, na preferência dos gaúchos. O Instituto aplicou o questionário entre os dias 3 e 5 de agosto, quando ainda estava bem viva na memória dos entrevistados a festa no Gigantinho, em que Lula reforçou sua crença em Dilma e pediu votos para a ex-ministra. O fato de a pesquisa ter uma margem de erro de três pontos percentuais e de Dilma (42%  e Serra (40% ) estarem, portanto, tecnicamente empatados não apaga o fato de a candidata ter conseguido superar o adversário, na terra em que fez sua carreira política.

Mineira, Dilma sempre foi apresentada como gaúcha, devido à sua trajetória no Estado: militante do PDT e, posteriormente, do PT, secretária da Fazenda de Porto Alegre, presidente da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul e secretária de Energia, Minas e Comunicações de dois governos – Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT). Pela sua biografia e pela força do PT, deveria ser a preferida dos eleitores do RS. No entanto, a cada consulta, aparecia atrás do paulista Serra. A distância foi encurtando lentamente, com ela sempre em segundo lugar. Foi preciso que o seu principal cabo eleitoral aparecesse, em carne e osso, ao seu lado, em Porto Alegre, para que ela ultrapassasse o adversário. Foram poucos pontos, mas já valem. Revelam a força do Lulismo.

Na eleição municipal de 2008, já havia ficado claro que Lula consegue transferir votos para seus candidatos, sejam eles do seu partido, o PT, ou não. Os aliados se beneficiam da imagem do presidente. Por isso, os candidatos se engalfinham para tê-lo nas fotos, nos programas de TV e rádio, nos comícios. Criador do PT há 30 anos, o presidente vem se dedicando – sem se afastar do partido – a fortalecer o Lulismo. Afinal, ele é o cara e ele tem a força. A força de fazer prefeitos, governadores e – provavelmente – sua sucessora. É evidente que não se pode tirar da candidata o seu valor. Afinal, ela topou o desafio apresentado por Lula, submetendo-se inclusive à mudança de imagem, com um novo corte e cor de cabelo. Algo difícil de imaginar ao se pensar na Dilma durona, mulher forte e eficiente, sem muitos sorrisos, com a missão de obter resultados para o “nosso governo”, como ela costuma se referir ao governo Lula.

Agora, é esperar para ver se Dilma continuará crescendo na preferência dos gaúchos em voo solo ou se o presidente terá de voltar aos apagos, para fazer mais um carinho nos eleitores, a fim de somar mais alguns pontinhos para sua candidata.

(*) Universitária


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