Opinião
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5 de agosto de 2010
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14:28

Comentário do Leitor

Por
Sul 21
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Sobre a entrevista com o candidato do PSol a Presdiência da Repúlica, Plínio de Arruda Sampaio, o leitor Paulo Marques enviou o seguinte comentário:

Plinio Sampaio tem uma história que deve ser muito respeitada, principalmente sua militancia pela Reforma Agrária. Entetanto, no que diz respeito a atual conjuntura política sua entrevista reflete claramente os limites e insuficiências ideológico-programáticas dos partidos que reivindicam um projeto nitidamente de esquerda para o país. Há uma grande dificuldade do PSOL, sem falar no PSTU que hoje mais parece uma seita, de realizar uma leitura consistente do atual período histórico de mudanças na América Latina com o avanço do campo progressista e o consequentente freio ao campo neoliberal. Isso não significa que o neoliberalismo esteja derrotado ou que o fato do PT assumir uma parcela do poder a correlação de forças na sociedade tenha mudado a favor das classe trabalhadoras. O próprio Plinio na entrevista acaba reconhecendo, mesmo que de forma não intencional, o problema central da impossibilidade do atual governo de realizar mudanças estruturais quando diz sobre Lula ” …ele não se arrisca a um projeto que a burguesia vete, porque ele não tem coragem. Ele sabe que, numa situação de confronto, não terá o apoio do povo”. E realmente está correto, Lula conhece a fragilidade político organizativa dos trabalhadores no atual contexto, sabe que o povo não está organizado para apoiar um processo de confronto e a esquerda deveria pensar nisso. O poder está nas mãos da burguesia, poder econômico, militar e midiático. E o que propõe a esquerda? O velho discurso trotskista de “culpa da direção”? E o que estes partidos propõe para organizar a imensa base social, o subproletariado que hoje compõe a base fundamental de apoio do lulismo conforme tese do cientista político André Singer? Optar pela “oposição feroz” ao PT é o maior equívoco que a esquerda comete, porque interdita qualquer diálogo com a maioria da classe trabalhadora formada pelo subproletariado urbano e rural. Abre mão de incidir na formação política deste setor pois a prioridade é combater o governo que identifica como “traidor do socialismo” , como isso só consegue cumprir nada mais nada menos do que o papel de linha auxiliar da direita. Outro aspecto que fica evidente na entrevista é a insuficiencia das propostas do PSOL para o país. Nada de novo no campo econômico, nada sobre reforma política, tributária, participação popular, democracia econômica, comunicação livre. Temas que o PT já avançou muito e possibilita dialogar com uma base social jovem que sofre na carne as contradições do capitalismo, pois referes-e diretamente com as pautas e lutas sociais contemporâneas. Essa agenda, infelizmente não tem eco no PSOL que surgiu como proposta de resgatar o programa que o PT supostamente teria abandonado. Talvez se Plinio e seu grupo político tivessem optado por permanecer no PT no segundo turno da disputa pela direção nacional do partido no PED de 2005 estaria contribuindo muito mais para o fortalecimento de um projeto de caráter socialista do que apostar na aventura inconsistente do PSOL.


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