Eleições 2022
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9 de outubro de 2022
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10:35

MPT pede indenização de R$ 10 milhões a indústria de máquinas por coação eleitoral

Por
Sul 21
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Stara é alvo de ação ajuizada pelo MPT-RS. Foto: Divulgação
Stara é alvo de ação ajuizada pelo MPT-RS. Foto: Divulgação

O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul ajuizou na sexta-feira (7), junto à Vara do Trabalho de Carazinho, uma ação civil pública contra a empresa de implementos agrícolas Stara, com sede em Não-me-Toque. A ação é resultado de uma investigação sobre denúncias de coação eleitoral por parte da diretoria da empresa. A demanda judicial, reforça o texto da ação, não tem nenhum cunho político ou partidário, mas de defender a Constituição Federal, assegurar a liberdade de orientação política e de voto aos trabalhadores, resguardando o direito de exercício da cidadania plena.

De acordo com o MPT, antes mesmo da divulgação da carta da empresa aos fornecedores, no dia 3 de outubro, a Procuradoria do Trabalho no Município em Passo Fundo já havia recebido denúncias de tentativas de coação eleitoral, inclusive por meio de áudios, e estava apurando os fatos.

Ao receber as denúncias, o MPT-RS solicitou esclarecimentos e encaminhou à empresa cópia da Recomendação n. 01/2022 da Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) do MPT. A mesma empresa também já havia sido denunciada junto ao Ministério Público do Trabalho nas eleições de 2018 em virtude da prática de assédio eleitoral. Naquela oportunidade, foi realizada audiência com a empresa e expedida recomendação para a preservação da liberdade de consciência e de orientação política de seus empregados.

Na ação impetrada na sexta, o MPT-RS argumenta que o efeito da imensa repercussão das notícias sobre a redução da produção na empresa – bem como de redução das aquisições junto aos seus fornecedores – tem, como resultado, gerar um clima de apreensão e insegurança em toda a coletividade de
trabalhadores, não apenas da Stara, mas da cadeia produtiva.

A ACP solicita, em caráter liminar, que a empresa se abstenha de veicular propaganda político-partidária em bens móveis e demais instrumentos laborais dos empregados; de adotar quaisquer condutas que, por meio de assédio moral, discriminação, violação da intimidade ou abuso de poder diretivo, intentem coagir, intimidar, admoestar e/ou influenciar o voto de quaisquer de seus empregados no pleito do dia 30 de outubro.

A ação também pede, entre outros, que a justiça determine que a empresa se abstenha de obrigar, exigir, impor, induzir ou pressionar trabalhadores para realização de qualquer atividade ou manifestação política em favor ou desfavor a qualquer candidato ou partido político, bem como reforce em comunicados por escrito o direito livre de escolha política dos trabalhadores.

Em caráter definitivo, a ACP pede a condenação da empresa ao pagamento de danos morais individuais, para cada pessoa que possuía, no mês de setembro de 2022, relação de trabalho com a Stara. Também é pedida a condenação ao pagamento de R$ 10 milhões a título de danos morais coletivos. A ação será agora apreciada pelo judiciário.

Em um comunicado a fornecedores e funcionários, o diretor administrativo e financeiro da Stara, Fábio Augusto Bocasanta, advertiu no dia 3 de outubro que a empresa cortará 30% do seu orçamento para 2023 caso a vitória de Lula se mantenha no segundo turno, “o que afetará nosso poder de compra e produção desencadeando uma queda significativa em nossos números”.

A Stara fabrica máquinas e implementos agrícolas em Não-Me-Toque, noroeste do Estado, e seus proprietários estão entre os principais doadores da campanha de Onyx Lorenzoni (PL) ao governo do RS, conforme demonstrou reportagem do Sul21 no dia 15 de setembro.

Na terça-feira (4), a Frente Brasil da Esperança no Rio Grande do Sul, formada por PT, PC do B e PV, ingressou com representação junto ao MPT contra a Stara. A representação também denunciou pressão sobre fornecedores e funcionários da empresa de máquinas e equipamentos Extrusor, com sede em Novo Hamburgo. Em comunicado, a empresa diz que, caso se mantenha o resultado eleitoral do primeiro turno, “ao fim do ano passaremos nossa empresa da forma física para a forma virtual, mantendo nosso trabalho apenas na internet”. A empresa diz que, se o cenário não se alterar no segundo turno, “não teremos mais a necessidade de serviços, peças e insumos no comércio local”.


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