O candidato do PL ao governo do estado, Onyx Lorenzoni, reproduziu a estratégia do presidente Jair Bolsonaro nos últimos debates e despejou mentiras no debate de terça-feira (27) à noite, na RBS TV. Onyx repetiu informação falsa, divulgada por Bolsonaro no debate da TV Bandeirantes, em agosto, de que a Petrobras, sob o governo do PT, teria contraído dívidas de R$ 900 bilhões. Agências de checagem descartaram a informação, que não consta de nenhum documento oficial da estatal.
Também alegou, em resposta a uma pergunta do candidato do PT, Edegar Pretto, que os governos petistas transferiram R$ 18 bilhões para “países comunistas” por meio do BNDES. Segundo as agências de checagem, o dado não é real.
Em outro trecho, Lorenzoni afirmou que o governo federal gerou 5,5 milhões de empregos durante a pandemia (2020 e 2021). Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), gerido pelo Ministério do Trabalho, o saldo dos dois anos de pandemia foi de 2,5 milhões de empregos formais – em 2020 houve um saldo negativo de 191 mil vagas.
O debate, que durou duas horas e meia, reuniu oito candidatos cujos partidos têm pelo menos cinco representantes no Congresso, como determina a legislação eleitoral: Eduardo Leite (PSDB), Onyx Lorenzoni (PL), Edegar Pretto (PT), Luis Carlos Heinze (Progressistas), Vieira da Cunha (PDT), Roberto Argenta (PSC), Vicente Bogo (PSB) e Ricardo Jobim (Novo).
A primeira intervenção já deu o tom do debate: Lorenzoni voltou a acusar Leite de desviar recursos do Fundeb para pagar aposentadorias e pensões e acusou o ex-governador, candidato à reeleição, de ter traído o presidente Bolsonaro. “O senhor se elegeu pegando carona no Bolsonaro e depois o traiu. O dinheiro que sustentou seu governo veio do presidente que o senhor agora faz questão de esquecer”, disse. A denúncia de improbidade administrativa foi feita pelo candidato a deputado federal Felipe Pedri (PL).
No segundo bloco, voltou a acusar Leite de “cravar facas nas costas do presidente” e criticou a gestão da pandemia de covid-19 no estado. “Fechou tudo, pintou mapinha, nunca foi por ciência, sempre foi ideologia. Destruiu empregos, destruiu vidas. Dizer a verdade não é atacar. O senhor ilude, mente e engana”, atacou. Leite retrucou: “Fico surpreso que o senhor, com 30 anos de vida pública, ainda tenha que ler o que a sua assessoria lhe preparou. Trata-se de uma armação eleitoral, uma denúncia feita por um assessor que é candidato pelo seu partido”, afirmou.
Lorenzoni voltou a usar dados falsos quando disse, no último bloco, que os feminicídios durante o governo Bolsonaro caíram 77%. “O descaso com políticas para mulheres é uma narrativa construída por parte da imprensa para sustentar as mentiras que eram vendidas. Posso dar os dados: os feminicídios caíram 77% no governo”, disse.
Na verdade, o presidente declarou, durante a sessão de abertura da Assembleia Geral da ONU em setembro, que os assassinatos de mulheres caíram 7,7% na sua gestão. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, porém, informa que a redução chegou a apenas 0,67% – foi de 1.328 casos em 2019 para 1.319 no final de 2021.
Leite confrontou o candidato do PL quando Lorenzoni disse que o equilíbrio nas contas públicas do Rio Grande do Sul foram fruto de transferências de R$ 7 bilhões do governo federal para o estado. “Nunca houve R$ 7 bilhões, isso é uma mentira. Houve R$ 2 bilhões”, atacou.
Também desmentiu que o governo tenha fechado 550 mil vagas de emprego durante a pandemia, como o candidato do PL afirmou em uma entrevista. “O senhor foi desmentido pela agência de checagem Lupa, que olhou suas manifestações e as considerou falsas. O balanço de empregos foi positivo em 145 mil empregos durante a pandemia. Não sou que falto com a verdade”, acusou.
