A cada dois anos, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RS) costuma convidar a imprensa gaúcha para acompanhar o início do trabalho de carga nas urnas eletrônicas que serão usadas nos locais de votação em Porto Alegre e no restante do Rio Grande do Sul. Nos anos anteriores, a ação atraiu apenas alguns poucos veículos de comunicação, situação bem diferente da constatada na manhã desta sexta-feira (16), quando uma dezena de repórteres se dirigiram ao enorme galpão localizado no bairro São Geraldo, na Capital.
O interesse em 2022 deve-se à sistemática campanha de suspeição da urna eletrônica levada a cabo pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Mesmo sem jamais ter mostrado prova ou indício concreto de fragilidade do sistema de votação em uso no Brasil desde 1996, Bolsonaro tem feito da urna eletrônica o seu bode expiatório em caso de derrota nas eleições.
“Em 26 anos, não tem nenhuma reclamação fundamentada sobre as urnas eletrônicas”, afirmou o desembargador Francisco José Moesch, presidente do TRE-RS, diante de microfones e câmeras. “Os programas instalados nas urnas são exatamente aqueles preparados pelo TSE”, completou.
Durante cerca de 40 minutos, o presidente do TRE-RS e outros membros da Justiça Eleitoral gaúcha fizeram um histórico do uso da urna eletrônica no Brasil. Foram explicados os procedimentos a serem executados nos próximos dias, incluindo a programação das urnas para a eleição, a demonstração de seu funcionamento e a verificação da autenticidade de seus programas.
A carga nas urnas eletrônicas consiste na inserção dos dados de eleitores e dos candidatos nos dispositivos eletrônicos, mediante controles que, destaca o TRE-RS, reforçam a segurança do processo eleitoral.
Em cada fala, os funcionários do TRE-RS deram ênfase à segurança do sistema de votação, considerando o contexto do País em que o próprio presidente da República põe em xeque as urnas que o elegeram sete vezes deputado federal, além de seu três filhos para diferentes cargos parlamentares.
“Quanto mais presente a fiscalização, maior a lisura do processo”, afirmou Moesch, agradecendo seguidamente a presença da imprensa. “Queremos terminar o dia 2 de outubro numa festa da democracia.”
Ao todo, o Rio Grande do Sul tem pouco mais de 8,5 milhões de eleitores. Para o pleito deste ano, o Estado contará com 29.019 urnas eletrônicas, que serão distribuídas em 27.197 seções eleitorais. Do total de urnas eletrônicas, 11 mil são modelos novos. Em Porto Alegre são 3.060 urnas eletrônicas, além de 200 reservas para qualquer eventualidade.
Pela programação do TRE-RS, a partir da próxima segunda-feira (19), as urnas eletrônicas começarão a serem transportadas para as cidades do interior do Estado. Então, cada zona eleitoral irá acompanhar o processo de carga do equipamento com o devido programa. A previsão é de que até o dia 26 de setembro todas as urnas do RS estejam prontas.
A agenda no galpão do bairro São Geraldo terminou com um servidor do TRE-RS fazendo a demonstração da carga numa urna eletrônica. Ele explicou com calma o passo-a-passo do processo, sempre com a urna voltada para as lentes das câmeras da imprensa. Em uso há 26 anos, talvez nunca as urnas eletrônicas brasileiras tenham estado sob o foco da mídia e da sociedade em geral como na eleição que se aproxima.
