Política
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11 de agosto de 2021
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08:41

Presos políticos no período da ditadura dialogam sobre o apagamento da memória

Por
Sul 21
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Mostra Território Provisório está em cartaz na galeria da Fundação Ecarta (Foto: Stela Pastore)
Mostra Território Provisório está em cartaz na galeria da Fundação Ecarta (Foto: Stela Pastore)
A Galeria Ecarta promove quinta-feira (12), às 15h, um encontro de ex-presos políticos do período da ditadura militar no Brasil (1964/1985) com Manoela Cavalinho, uma das artistas da mostra Território Provisório, que está em cartaz. A exposição propõe o diálogo sobre o apagamento da memória coletiva de episódios autoritários. Dentre os convidados, Paulo de Tarso Carneiro, Nilce Azevedo, Maria Ignez Serpa, Diógenes de Oliveira, Elmar Bones, Flavio Koutzii, Laerte Méliga, Rafael Guimaraes, Raul Elwanguer, Raul Pont, Ubiratan de Souza e Flávio Tavares.

Manoela Cavalinho apresenta na mostra 64 intervenções urbanas em Porto Alegre em locais que serviram de espaço para tortura durante a ditadura militar. A mostra Território Provisório reúne também trabalhos dos artistas Jordi Tasso e Henrique Fagundes.

Manoela Cavalinho (Foto: Igor Sperotto)

Manoela aborda em seu trabalho a memória pessoal e suas intersecções com a memória social e histórica. Mestra em Psicologia Clínica, é mestranda em Artes Visuais do Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais da Ufrgs com o tema Não vê no meio da sala as relíquias do Brasil, estudo que trata do tema da mostra em cartaz na Galeria Ecarta.

“Há muito o que mostrar, conversar, estudar sobre esses 21 anos de opressão e autoritarismo. Receber e ouvir as vítimas desse período é, ao mesmo tempo, uma homenagem à sua resistência e uma escuta para registrar tantas narrativas ainda não conhecidas”, adianta Manoela.

Epigrama 3º CMS (Divulgação)

Para o coordenador da Galeria Ecarta, André Venzon, a exposição não trata apenas de um tema, mas de um trauma cuja tomada de conhecimento é um dever sociocultural histórico. “A atual percepção do conservadorismo estrutural, indica que o Brasil ainda não fez as revisões da ditadura militar que devia ter feito, diferente de outros países da América do Sul. Território Provisório levanta essa bandeira do papel social e cidadão do artista para que, ao não esquecermos do passado, possamos errar menos no presente e viver a esperança de um futuro melhor e mais verdadeiro”, enfoca André.

Para a diretora da Fundação Ecarta, a jornalista Valéria Ochôa, a arte é um dos instrumentos que podem levar à reflexão sobre a história, a memória e contribuir com a construção da democracia. “É fundamental denunciar o autoritarismo e a tentativa de tornar invisíveis fatos e episódios que impactaram fortemente a condução de um período muito recente e triste do país”. Já para o curador Diego Groisman, os trabalhos expostos renovam possibilidades de interpretações de uma história pretérita e presente.

O espaço da Fundação Ecarta que abriga a exposição está preparado para receber os convidados cumprindo os protocolos sanitários (distanciamento, uso de máscaras, ventilação e número limitado de pessoas no ambiente). As visitas presenciais às instalações dos três artistas podem ser feitas de terças a domingo, das 10h às 18h, até 22 de agosto.

SERVIÇO
O QUÊ: Encontro de ex-presos políticos em mostra sobre apagamento da memória
Data: 12 de agosto, 15h
Local: Fundação Ecarta – Avenida João Pessoa, 943 – Porto Alegre

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