Política
|
31 de agosto de 2014
|
18:47

Beto nega recuo em programa de Marina na temática voltada à comunidade LGBT

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Por Ramiro Furquim/Sul21
Beto Albuquerque foi a “estrela” do evento da coligação de Sartori no Parque da Redenção| Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Jaqueline Silveira

Candidato a vice-presidente da República, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB) fez, no final da manhã deste domingo (31), sua primeira atividade de campanha no Estado depois que assumiu a função ao lado de Marina Silva (PSB), em virtude de morte do presidenciável Eduardo Campos em acidente aéreo no dia 13 de agosto, no litoral paulista. Beto participou de uma caminhada organizada pelas mulheres da coligação O novo caminho para o Rio Grande (PMDB, PSD, PSB, PPS, PSDC, PHS, PT do B e PSL) no Parque da Redenção, em Porto Alegre.

Por Ramiro Furquim/Sul21
Polêmica do programa de governo foi enfatizado para a imprensa|Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Na chegada, Beto falou com a imprensa sobre o polêmico recuo no programa de Marina em relação aos direitos da comunidade LGBT. Ele negou o recuo e afirmou que o que ocorreu na verdade foi um “equívoco” da coordenação de campanha ao assumir projetos de leis que são de competência do Congresso. “Foi um vacilo estabelecer compromissos que só o Parlamento pode fazer”, argumentou. Segundo o socialista, o programa de sua chapa para o público LGBT é mais avançado do que os planos dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

A alteração no plano teria sido feita depois da pressão do pastor Silas Malafaia. “Eu acho que a política não deve mandar na religião e nem a religião na política”, respondeu Beto, sobre a pressão do pastor. O candidato a vice ressaltou, ainda, que o Estado é laico e que Marina e ele irão governar para todos os brasileiros, ou seja, para os que têm e não têm religião.

Na chapa, o deputado gaúcho assumiu o papel de articulador com os representantes do agronegócio, uma vez que a presidenciável tem resistência ao setor. “As questões de sustentabilidade não colidem e não impedem o agronegócio”, afirmou ele, negando que Marina se oponha ao setor. Beto destacou que a “imprensa nacional” tem se referido a ele como ruralista, rótulo que, na sua opinião, ocorre pelo fato de ter trabalhado em agendas identificadas com o agronegócio. “Sou o primeiro ruralista sem terra e sem cavalo”, brincou o socialista, em relação ao rótulo.

Candidata vem à Expointer e se reunirá com o agronegócio

Beto informou que, no dia 4 de agosto, Marina virá à Expointer, em Esteio, para conversar com os setores da agricultura familiar e do agronegócio. O encontro com a Federasul, inclusive, está sendo intermediado pelo candidato a vice na chapa de José Ivo Sartori (PMDB) ao governo do Estado, José Paulo Cairoli (PSD), ligado ao agronegócio. “Vamos sazer uma boa reunião. Muita gente está ouvindo falar da Marina, o bom é os outros ouvirem Marina”, enfatizou o deputado, sobre a opinião da companheira de chapa quanto ao agronegócio. No mesmo dia, a presidenciável irá a Caxias do Sul, na Serra, participar de um ato político ao lado de Sartori.

Sobre as pesquisas eleitorais que apontam Marina empatada com a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff, o deputado afirmou que o momento é de “ter humildade e compreender que a pesquisa é a fotografia do momento”. Ele aproveitou a avaliação dos índices para criticar o governo da petista que, segundo ele, mostra no horário eleitoral um Brasil que não existe. “O programa da presidente Dilma é um filme hollywoodiano”, criticou ele, referindo-se que ao fato de não serem retratados os problemas do país como, por exemplo, na saúde e na segurança, além da alta da inflação. Também disse que as pesquisas são o reflexo do desejo da população que quer mudanças e identifica na Marina a presidente capaz de promovê-las.

Por Ramiro Furquim/Sul21
Segundo o candidato a vice-presidente, Marina terá diálogo com agronegócio| Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Governar sem maioria

Questionado sobre como Marina vai governar em caso de eleita, uma vez que ela não deverá ter maioria no Congresso, o candidato disse que “vamos ter de inaugurar um novo modelo”. Na opinião do socialista, o modelo atual em que, conforme ele, há troca de cargos por apoio não funciona e não serve ao que prega sua chapa. “Não queremos uma base que nos aplauda, queremos uma base respeitada e altiva” argumentou Beto. Ele defendeu, ainda, o diálogo para conseguir a aprovação dos projetos do Executivo, acrescentando que Marina deverá propor a votação das reformas política e tributária no início do governo. “A tendência é respeitar o Parlamento”, completou, sobre o apoio do Congresso.

Depois de falar com a imprensa, o candidato  juntou-se a Sartori, Cairoli, concorrentes a deputado estadual e federal e mulheres simpatizantes da coligação para a caminhada. Em meio a bandeiras azuis e brancas, principalmente, os militantes percorreram o trajeto do Monumento do Expedicionário até o Espelho d’Água na Redenção. Na caminhada, os candidatos carregaram uma faixa com a frase “As mulheres querem o Novo caminho para o Rio Grande” e os militantes se revezaram nos slogans: “Eduardo presente, Marina Presidente”, “mulheres para frente, Marina presidente”, e nos gritos de “Sartori, Sartori”, “Beto, Beto” e “Simon, Simon (Pedro Simon, candidato ao Senado).”

Discursos em palco improvisado

Após o retorno ao Monumento do Expedicionário, a caminhada seguiu em direção à avenida João Pessoa, onde foi montado um palanque improvisado em cima de uma caminhonete para os candidatos discursarem. Concorrente ao Senado, Pedro Simon, que se juntou ao ato político no local, foi o primeiro a usar o microfone. Sobre Sartori, o peemedebista disse que, “além de um governante fantástico, significa o novo”. Ele lembrou, ainda, as mudanças ocorridas devido à morte de Campos com Marina assumindo de candidata e o Beto, de vice, que até então era o representante da coligação ao Senado. Simon afirmou que aceitou concorrer novamente, porque “não tinha ninguém” que quisesse fazer uma campanha de 30 dias. Aos militantes, reforçou a importância de ter um vice-presidente da República gaúcho. “Se pensa no Rio Grande, votem na Marina e no Beto que é garantia de que o Rio Grande terá o que merece”, conclamou Simon.

O vice da coligação ao governo do Estado foi o próximo a falar. Apresentado como político ligado ao agronegócio, Cairoli destacou que Beto “é um jovem competente e teremos um representante à altura do povo gaúcho” na vice-presidência da República. Sobre a disputa ao Piratini, disse que ele e Sartori querem ser reconhecidos por “um governo que pense no Estado e não num governo que pense no seu partido, seu grupeto”, numa referência à administração petista. “Queremos ser reconhecidos por um projeto de Estado voltado para o crescimento econômico e social”, concluiu o empresário.

Por Ramiro Furquim/Sul21
Militantes da coligação fizeram caminhada no Parque da Redenção| Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Reafirmação de compromissos

Beto discursou na sequência e fez a manifestação mais longa do ato político. Primeiro, lembrou da “tragédia absurda” envolvendo a morte de Eduardo Campos que “nos machucou muito e até agora sem explicações” do acidente aéreo. Apesar da perda da maior liderança nacional do PSB, o candidato a vice garantiu que não haverá “mudança de rumo”, lembrando uma das bandeiras pregadas por Campos: “Não vamos deixar a caminhada de Eduardo pela metade”. Ele voltou a criticar a propaganda da presidente Dilma no horário eleitoral que, segundo ele, não mostra os problemas do Brasil. “O Brasil real é o que parou de se desenvolver, o Brasil do toma lá da cá”, alfineteou o socialista.

Ele reafirmou os compromissos assumidos pelo então candidato, como a antecipação de 10% do PIB para educação nos próximos quatros anos e não em 10 e o investimento de 10% na saúde com base na receita bruta da União. Beto voltou a se comprometer com “o respeito” aos diretos da comunidade LGBT. Também defendeu a agricultura familiar e o agronegócio, setores que, segundo o socialista, não podem continuar “apartados” do Brasil.

No entanto, fez uma ressalva em relação ao agronegócio: “tudo evidentemente com a visão da sustentabilidade”. Por fim, renovou o compromisso com a “renegociação para valer” da dívida do Estado, com a qual Campos também havia se comprometido. Aos militantes, pediu para ficarem “atentos”, pois à medida que Marina cresce nas pesquisas, aumentarão os “ataques” dos candidatos que não querem perder a eleição. Quanto às provocações nas redes sociais, ele afirmou que “não merecem resposta”. “Vão tentar desmerecer a Marina e não vão conseguir. Fiquemos atentos”, avisou.

O candidato ao governo do Estado encerrou os discursos. Sartori destacou que Beto “era o maior cabo eleitoral “da coligação, mas que “é um orgulho gaúcho” ele estar ao lado de Marina. Ele ressaltou, ainda, que o socialista é “o ponto de equilíbrio” de Marina, necessário em uma composição, assim Cairoli tem esse papel na sua chapa. O peemedebista pregou ainda que o governo do Estado “não é o Palácio, o governo do Rio Grande tem de ser a escola para os filhos, o posto de saúde, o policial na rua, que olhe para os que mais precisam”.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora