O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou na noite desta terça-feira (8) uma nota em que manifesta “imensa preocupação” com o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que foram vistos pela última vez no último domingo (5) no Vale do Javari, estado do Amazonas.
O Cimi cobrou na nota a ampliação do número de equipes de busca e de barcos envolvidos na operação de resgate, bem como o emprego de helicópteros para sobrevoar a área.
“Ao mesmo tempo que exigimos das autoridades locais e nacionais celeridade e transparência, adotando de forma urgente todas as medidas cabíveis na busca pelos desaparecidos. Neste momento, a agilidade nas buscas pode significar a vida daqueles que se dedicam à defesa dos povos indígenas no Vale do Javari”, diz a nota.
Até o momento, três dias após o desaparecimento, as buscas para encontrar Pereira e Phillips, organizadas pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e por órgãos públicos, não tiveram resultados.
O Cimi ressalta que os dois sofreram ameaças de morte por parte de invasores da Terra Indígena (TI) Vale do Javari enquanto realizavam o trabalho de campo, que consistia em entrevistas feitas pelo jornalista britânico com indígenas da região.
A entidade destaca ainda que organizações indígenas da região vêm denunciando sistematicamente as invasões na TI Vale do Javari, localizada na fronteira com o Peru, por garimpeiros, madeireiros, narcotraficantes, pescadores e caçadores.
Segundo o Cimi, os contraventores “se sentem respaldados e empoderados diante da negligência e do permanente ataque aos direitos indígenas por parte do governo federal”.
“É particularmente grave que essas invasões ocorram na terra indígena onde existe a maior concentração de povos isolados, ou em isolamento voluntário no mundo. O que ocorre no Vale do Javari está intrinsecamente relacionado ao desmonte das políticas e órgãos públicos de proteção aos povos originários e aos seus territórios – acompanhado do enfraquecimento das Bases de Proteção Etnoambientais da Funai, responsáveis pela fiscalização da área, que atualmente se encontram sem a capacidade operacional mínima para desempenhar o seu papel”, diz a nota.