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19 de maio de 2022
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17:27

Número de mortes violentas de pessoas LGBTI+ na região sul sobe 40% em um ano

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Foto: Arquivo/Agência Brasil
Foto: Arquivo/Agência Brasil

O Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil lançou, nesta semana, um dossiê com dados de assassinatos e mortes violentas contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo (LGBTI+) em 2021. Em todo o país, o número de casos cresceu 33% entre 2020, com o registro de 237 casos, e 2021, com 316. Os dados analisados foram obtidos por pesquisas organizadas entre a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) e a organização Acontece Arte e Política LGBTI+

A média nacional foi de 1,48 mortes a cada milhão de pessoas, considerando a população estimada pelo IBGE de 213.217.639 habitantes. Os estados mais populosos foram aqueles que registraram mais mortes: São Paulo (42), Bahia (30), Minas Gerais (27) e Rio de Janeiro (26). Na relação proporcional de habitantes e mortes, porém, as regiões Sul e Sudeste foram as menos violentas, com médias de 0,92 e 1,15 morte a cada milhão de habitantes, respectivamente. 

A orientação sexual das vítimas não foi informada em 48,42% dos casos, 45,89% eram pessoas gays, 3,8% lésbicas, 0,95% bissexuais e 0,95% com outras sexualidades. Homens cis formam a maioria das vítimas, com 47,47%, seguidos de travestis e mulheres trans, 44,62%.

A subnotificação é um problema comum na geração e organização de relatórios como o dossiê. Para Gabriel Galli, diretor operacional da ONG Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade e vice-presidente do Conselho Municipal de Direitos Humanos de Porto Alegre, esses trabalhos são fundamentais para se obter uma perspectiva em relação à violência contra a população LGBTI+ no Brasil.  “Atualmente não existem muitas formas de ter acesso a dados de uma forma organizada e sistematizada e isso não acontece por acaso. O governo federal, que deveria ser responsável por gerar esses dados, tem investido cada vez menos tanto na prevenção desse tipo de violência, quanto na sistematização dessas informações”, afirma. 

A faixa etária com mais vítimas é de 20 a 29 anos, com 96 casos, ou 30,38% das mortes, seguida de 30 a 39 anos, com 68 casos. Pessoas pretas e pardas formam 35,44% das vítimas, brancas 40,19%, indígenas e pessoas de etnia não informada formam 24,37%.

A tipificação dos casos aponta 262 homicídios, 26 suicídios, 23 latrocínios (roubo seguido de morte) e cinco mortes por outros motivos. O maior número de casos de suicídio ocorreu entre travestis e mulheres trans, com 38,46%, e homens gays, responsáveis por 30,77% do total. Em seguida estavam os homens trans e as pessoas de outros segmentos, com dois casos cada. 

A crueldade e violência dos homicídios chama atenção. Em 28,80% dos casos a causa mortis foi por esfaqueamento, em 26,27% por arma de fogo, seguido de 6,33% por espancamento. Em janeiro de 2021, Duda Laif (52), mulher trans, tornou-se uma dessas vítimas ao ser espancada até a morte em Bagé. Segundo a polícia, o corpo dela, que foi encontrado em um terreno baldio no centro da cidade, estava com diversos ferimentos e o laudo da necropsia apontou que sua morte foi consequência de um traumatismo craniano.


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