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18 de agosto de 2021
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18:40

Policial militar que matou 4 pessoas de uma família em pizzaria é preso

Por
Sul 21
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Da esquerda para a direita, os quatro familiares mortos:  Alexsander; Cristiano;  Christian; e Alisson. Foto: Arquivo pessoal
Da esquerda para a direita, os quatro familiares mortos: Alexsander; Cristiano; Christian; e Alisson. Foto: Arquivo pessoal

O policial militar Andersen Zanuni Moreira dos Santos foi presto na terça-feira (17) a pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). Andersen foi acusado de cometer quatro homicídios duplamente qualificados, violação de domicílio e por praticar vias de fato no episódio que resultou na morte de quatro pessoas de uma mesma família dentro de uma pizzaria de Porto Alegre, em 13 de junho.

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A defesa do policial alega que ele agiu em legítima defesa. Essa tese foi aceita inicialmente pela Polícia Civil, que decidiu não indiciá-lo, mas rechaçada pelo MP-RS.

Responsáveis pelo pedido de prisão, os promotores André Gonçalves Martínez e Luiz Eduardo de Oliveira Azevedo argumentaram que a prisão cautelar era justificada para a garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal.

Eles destacaram que o policial, quando estava fora do exercício profissional, invadiu a casa de uma família durante a madrugada e, sem motivos, passou a agredir uma jovem que participava da confraternização, deixando o local na sequência. “Os presentes, estupefatos, foram procurá-lo a fim de obterem uma explicação para aquele comportamento, afinal, não se está a viver em país onde pessoa qualquer invade o lar de cidadãos, bate em uma menina, ofende as pessoas, sai pela porta da frente e tudo fica por isso mesmo”, dizem os promotores.

O policial se refugiou na pizzaria, sendo seguido por quatro membros da família. Para o MP, Andersen adotou então uma “tresloucada atitude”, passando a atirar contra as vítimas. “Não há como deixar o autor de tais fatos em liberdade, transitando, armado, pelas ruas, ostentando a farda da Brigada Militar, corporação orgulho do Rio Grande”, argumentaram os promotores.

O pedido de prisão foi deferido na segunda-feira (16) pela juíza Lourdes Helena da Silva, 2⁰ Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre. “Tenho que se mostra presente a necessidade de garantir a ordem pública, considerando-se a gravidade concreta dos fatos, em que, como acima asseverado, foram atingidas letalmente múltiplas vítimas com arma de fogo, disparos certeiros na cabeça dos ofendidos. O agente se trata de policial militar e usou a arma funcional. A mantença do denunciado em liberdade traz inquestionável descrédito à Justiça, pois o fato trouxe abalo e comoção social ao mesmo tempo em que o denunciado permanece no exercício da função pública, contrassenso que não pode perdurar”, diz a despacho que autorizou a prisão.

Em manifestação encaminhada à reportagem, os advogados dos familiares das vítimas afirmaram que a prisão do PM era “questão de justiça”. “A assistência à acusação entende que a prisão preventiva se faz necessária, afinal não se pode admitir que o réu, sendo policial militar, respondendo por estupro de vulnerável e quatro homicídios qualificados esteja livre, armado e fardado sob o escopo de estar protegendo a sociedade”, dizem os advogados Ismael Schmitt e Daniel Zalewski Cavalcanti.

Em entrevista ao Sul21, Marlice Corrêa, mãe de uma das quatro vítimas, rejeitou a versão da defesa do policial. “É uma versão mentirosa, ele já deu várias versões da mesma história. E nossa família só tem uma história, que foi a verdade do que aconteceu. Esse monstro, assassino, do nada, quatro horas da manhã, tava todo mundo dentro de casa, ninguém na rua… ele atravessou três portões, invadiu a nossa casa. Aí a Yasmin tava na porta, no lado do som, e ele bateu nas costas dela, deu três tapões e falou: ‘Abaixa o som que minha mulher e meu filho querem dormir’. Pelo o que vi, nem casado ele é e nem filho tem. Ele já entrou mentindo e em nenhum momento se identificou. Ele não bateu palmas, não chamou, não pediu com licença, ele simplesmente invadiu uma casa que, naquele momento, tinha oito pessoas ali dentro”, afirmou.


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