Reconhecido pelo trabalho em defesa e garantia dos direitos dos migrantes no Rio Grande do Sul, o CIBAI Migrações inaugura, nesse sábado (3), a Casa do Migrante Guadalupe. Situada no bairro Vila Nova, o espaço terá capacidade para abrigar em torno de 70 migrantes recém-chegadas em Porto Alegre e em vulnerabilidade social.
Com quartos familiares e outros compartilhados para migrantes que chegam sozinhos, a Casa do Migrante Guadalupe oferecerá também alimentação, itens de higiene pessoal e orientação para a regularização de documentos, além de apoio para obter vaga em creches, escolas e serviços de saúde.
Diretor do CIBAI e da Casa do Migrante, o padre Anderson Hammes conta que a ideia de criar o espaço de acolhida surgiu em 2020, em função do agravamento da situação dos migrantes causado pela pandemia do coronavírus. Assim como muitos brasileiros, os migrantes também perderam empregos e ficaram em situação de vulnerabilidade. O RS é conhecido como um pólo de atração de migrantes, principalmente oriundos da Venezuela, Haiti e Senegal, devido ao mercado de trabalho mais atraente.
Padre Hammes destaca que todos os encaminhamentos para a Casa do Migrante serão feitos somente por intermédio do CIBAI. Isso significa que o espaço não acolherá migrantes que se dirijam diretamente ao local. “A finalidade da Casa é completar o nosso serviço para integrar o migrante”, explica.
Hammes afirma que um dos problemas dos migrantes é a dificuldade de adaptação ao mercado de trabalho no Brasil. “O grande problema do migrante é a permanência no emprego. Há todo o fator psicológico da migração e um dos motivos da dificuldade talvez seja a cultura do trabalho no Brasil.”
Por isso, uma vez acomodados no espaço, os migrantes receberão cursos de capacitação profissional e de português. O diretor do CIBAI enfatiza que o objetivo da instituição é proporcionar a ajuda inicial para os migrantes depois seguirem seu próprio caminho. “Eu digo pra eles: ‘Você é o protagonista da sua vida’.”
As pessoas encaminhadas pelo CIBAI à Casa do Migrante Guadalupe poderão permanecer na instituição por sete dias, prazo que pode ser prorrogado de acordo com o caso.
Em 2021, o CIBAI Migrações informa ter prestado mais de 8 mil atendimentos a migrantes, sendo a maioria venezuelanos, haitianos e senegaleses. O fluxo migratório tem sido um fenômeno global causado por questões econômicas, ambientais e conflitos bélicos.
No caso dos venezuelanos, Padre Hammes diz que o fluxo costuma ser de famílias completas com média de quatro filhos, o que torna o atendimento mais complexo e difícil. “Todos somos a família humana, temos que nos ajudar uns aos outros.”
