Da Redação*
O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, instaurou um procedimento para apurar o ataque cibernético realizado durante a webconferência “Roda de Conversa: como funciona o racismo, um olhar de moradores da Restinga”, realizada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), na tarde de quarta-feira (8), em Porto Alegre.
Durante a atividade, houve a interferência de um grupo organizado de pessoas manifestando linguagem ofensiva, de cunho racista e sexual. Pelo que ficou registrado, avaliou o MPF, essas pessoas tinham o objetivo de cercear o debate acadêmico que ocorria com mais de 60 participantes.
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão também citou outros episódios similares, recentemente, em atividades acadêmicas de instituições de ensino superior, como a que ocorreu no dia 6 de julho durante a palestra “Saúde e Nutrição da População Negra”, realizada pela Escola de Enfermagem de UFRGS, no curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A reitoria da UFSM anunciou que abrirá investigação nas esferas cível e criminal sobre o caso que já teve um registro de ocorrência feito na Polícia Federal, em Passo Fundo.
Segundo o procurador da República Enrico Rodrigues de Freitas, “atos de intolerância como os relatados não se constituem em liberdade de expressão, mas se constituem em crimes de racismo, e ainda violam a liberdade de apreender e ensinar, a autonomia universitária, bem como interferem em atos de ensino e extensão em instituições de ensino federal, merecendo uma apuração e punição pelo Estado brasileiro.”
*Com informações do Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul.