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10 de junho de 2020
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20:41

Instituições de ensino superior do RS descartam voltar às aulas presencias em julho

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Sul 21
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Instituições de ensino superior do RS descartam voltar às aulas presencias em julho
Instituições de ensino superior do RS descartam voltar às aulas presencias em julho
Ruy Vicente Opperman, reitor da UFRGS, diz que a volta às aulas na universidade movimentará cerca de 50 mil pessoas. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luciano Velleda

A aula pública promovida pela ADUFRGS-Sindical, intitulada “Educação em Tempos de Pandemia: Os desafios do retorno”, mostrou o quão complexo será a volta às aulas no ensino superior. A começar pelo prazo, ainda incerto, de quando os alunos voltarão a se sentar nas salas de aula das universidades e institutos federais do Rio Grande do Sul. Entre os reitores que participaram da videoconferência, Lucia Campos Pellanda (UFCSPA), Júlio Xandro Heck (IFRS), Flávio Nunes (IFSUL) e Ruy Vicente Opperman (UFRGS), a única certeza é que esse retorno não será em julho.

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Os desafios são muitos. Durante a aula pública, realizada nesta quarta-feira (10), a reitora Lucia destacou que o retorno das atividades presencias deve acontecer quando a curva de novos casos de contaminação e morte estiver em fase decrescente, o que indicaria o início do controle da pandemia no Rio Grande do Sul.

Para a reitora da UFCSPA, a volta às aulas representa um grande deslocamento de alunos que vivem em outras cidades, o que eleva o risco de circulação do vírus. Perigo ainda maior se considerada a grande quantidade de alunos que moram com pessoas consideradas grupo de risco. “O retorno vai ter que ser escalonado, gradual e flexível”, explicou.

Além dos cuidados básicos de equipamentos de segurança e distanciamento, a reitora ponderou a necessidade de haver engajamento da comunidade acadêmica, a necessidade de um planejamento para adaptar os cursos, assim como a ampliação da inclusão digital. Isso tudo somado aos problemas já existentes nas instituições públicas de ensino superior. “Acredito que, em 2020, não vamos voltar ao normal que estávamos acostumados, mas também é uma oportunidade para discutir o que queremos desse ‘normal’.”

Júlio Xandro Heck disse que a retomada das aulas presenciais, além da simples adaptação do espaço físico, exigirá o acolhimento dos estudantes, a adoção de planos de estudo para alunos pertencentes ao grupo de risco, cuidado especial com estudantes que já têm déficit de atenção e a priorização da recuperação de conteúdo para formandos.

Heck acredita que será inevitável avançar no ano letivo de 2021. Para ele, a ampliação da carga horária, a realização de aulas aos sábados e de atividades não presenciais são medidas que provavelmente a instituição adotará. O IFRS tem 17 campi, em 16 cidades do Estado, com 24 mil estudantes, 1.200 professores e cerca de mil técnicos administrativos. “Cada ação está sendo pensada cuidadosamente para garantir saúde e cuidado com todos. Não podemos perder de vista a qualidade e a inclusão dos nossos alunos”, enfatizou.   

Reitor do IFSUL, Flávio Nunes explicou que a instituição decidiu não adotar o modelo de ensino à distância durante a pandemia. Segundo ele, houve o entendimento de não criar ou ampliar desigualdades de acesso à educação, considerando a dificuldade de muitos alunos  em ter aparelhos eletrônicos, acesso à internet e local apropriado em casa.

Por outro lado, Nunes explicou que a IFSUL está oferecendo cursos aos seus professores para que aprendam a utilizar determinadas ferramentas do ensino remoto, visando o uso num futuro breve. O reitor defende que as instituições de ensino superior sejam as últimas a regressar com as aulas presenciais, de modo a seguir colaborando para que a pandemia não se amplie ainda mais no Rio Grande do Sul.    

Assim como seus colegas, o reitor da UFRGS, Ruy Vicente Oppermann, também disse acreditar que a volta às aulas presenciais será gradual. No caso da UFRGS, ponderou que o retorno das atividades movimenta cerca de 50 mil pessoas. Oppermann destacou que a premissa básica será a saúde de alunos e funcionários, e que um grupo de trabalho tem atuado para criar os protocolos de segurança.

O reitor igualmente abordou o desafio que a pandemia coloca à universidade no que se refere ao ensino à distância. “A inclusão digital é o grande desafio. A premissa básica é que nenhum aluno ficará de fora. Temos compromisso com a inclusão e vamos buscar alternativas que permitam essa inclusão”, explicou Oppermann. Atualmente, disse ele, poucos alunos da universidade estão tendo conteúdo no modelo remoto de ensino.

Assista a aula pública na íntegra:


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