Cultura
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3 de setembro de 2022
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12:28

Porto Alegra em Cena terá ‘três edições’ em 10 meses

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Secretaria Municipal de Cultura apresentou a comissão de Direção Artística das edições 29 e 30 do festival Porto Alegre em Cena no Salão Nobre da Prefeitura | Foto: Luiza Castro/Sul21
Secretaria Municipal de Cultura apresentou a comissão de Direção Artística das edições 29 e 30 do festival Porto Alegre em Cena no Salão Nobre da Prefeitura | Foto: Luiza Castro/Sul21

Durante a cerimônia de posse da comissão que irá integrar a direção artística do Porto Alegre em Cena em 2022 e 2023, realizada na quinta-feira (1º) no Salão Nobre do Paço Municipal, a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC) informou que o evento ocorrerá em três momentos diferentes em um intervalo de dez meses. A edição deste ano será em duas etapas, parte em dezembro e parte em março, junto às comemorações da Semana de Porto Alegre de 2022. Já a edição de 2023 ocorrerá em setembro.

A comissão artística será responsável por elaborar a programação e definir as diretrizes do evento. “A comissão vai definir que tipo de festival nós queremos. Por exemplo, queremos bastante descentralização, com ingressos acessíveis, que alcance públicos que não costumam não ir ao teatro? Quem vai definir essas diretrizes vai ser a comissão”, explica o produtor cultural Vitor Ortiz, responsável ao lado de Denise Viana pela empresa Vitor Paulo Ortiz Bittencourt, contratada via edital para organizar e elaborar as duas edições.

Os integrantes da comissão são:

– Adriane Azevedo, diretora do Sindicato do Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do RS (Sated-RS);
– Thiago Pirajira, do Departamento de Arte Dramática da UFRGS;
– Airton Tomazzoni, da equipe de dança da SMCEC;
– Ricardo Barbarena, do Instituto de Cultura da PUCRS;
– Adriana Mottola, Diretora Cia de Teatro Di Dtravaganza;
– Renato mendonça, jornalista, dramaturgo e coordenador da Escola de Espectadores de Porto Alegre;
– Juliano Barros, ator, diretor artístico e fundador do Bloco da Laje;
– Antônio Grassi, ator, ex-presidente da Funarte e ex-diretor de Inhotim.

“A gente procurou contemplar na comissão várias pessoas, para garantir uma pluralidade e diversidade de pensamentos ali dentro”, diz Ortiz.

Secretário de Cultura, Gunter Axt explicou na apresentação que a edição deste ano não ocorre em setembro, como usualmente, em razão dos dois primeiros editais para a contratação da empresa organizadora terem dado desertos, com o terceiro edital, que resultou na homologação da empresa de Vitor Ortiz, sendo concluído apenas em junho.

Axt diz que a empresa de Ortiz tem o papel de ser proponente do festival, com a responsabilidade de captar recursos por leis de incentivo e operacionalizar o evento.

“O objetivo é que o Porto Alegre em Cena seja cada vez mais um evento que tenha uma rotina administrativa para garantir a sustentabilidade. E que ele aconteça com parceiros. O nosso entendimento é que, sobretudo os grandes eventos da cidade, devem acontecer com parceiros privados. No passado, quando o festival surgiu, ele era financiado com recursos públicos, mas foi um momento de estruturação. Quando a gente cria um grande evento, acho que é importante que o poder público tenha essa participação. A tendência natural, quando o evento se consolida como parte do calendário da cidade, é que ele possa acontecer de forma quase autônoma”, diz o secretário.

A edição de 2022 foi viabilizada em parceria com o Instituto de Cultura da PUCRS, que incluiu o festival em um edital que havia captado cerca R$ 500 mil por meio de leis de incentivo à cultura. Outros R$ 250 mil devem ser disponibilizados pela Prefeitura, além da participação de patrocinadores. Para a edição de 2023, a expectativa é incluir o evento em leis de incentivo estaduais e federais para as quais não houve tempo hábil para inscrição em 2022.

Em razão do curto espaço de tempo para organização, foi decidido que a 29º edição terá um lançamento em dezembro e uma programação junto com a Semana de Porto Alegre, em março de 2023. No entanto, a mesma equipe já ficará responsável pela 30ª edição, a ser realizada em setembro de 2023.

Vitor Ortiz avalia que organizar as duas edições próximas uma a outra é uma desvantagem que pode virar uma vantagem | Foto: Luiza Castro/Sul21

Ortiz, que já foi secretário municipal de Cultura da Capital e de outras cidades, pontua que a programação de dezembro deverá ser definida ao longo de setembro, mas deixa aberta a possibilidade de os primeiros espetáculos já ocorrerem ao final de novembro, uma vez que depende das agendas das companhias artísticas procuradas e dos teatros e espaços culturais da cidade.

“A edição deste ano vai ser enxuta, mas vai ser boa. A ideia de trabalhar em perspectiva [as duas edições juntas] facilita muito para trazer coisas legais e bacanas pro Porto Alegre em Cena. Porque, quando tu tá falando com o grupo lá do Rio de Janeiro, ele precisa ter uma data para vir a Porto Alegre. Se você tem uma data só para oferecer para ele, é mais difícil. Mas, se você tem três, é praticamente impossível que ele não se encaixe em alguma delas. Então, essa aparente desvantagem virou uma vantagem”, afirma.

Representante do Sated-RS na comissão, Adriane Azevedo diz que o sindicato vinha pressionando a Prefeitura ao longo do ano por uma resposta para a realização da 29ª edição. Ela brinca que o sindicato é conhecido na Prefeitura como “Chated”, pela insistência, mas destaca que, uma vez definida a organização, a classe artística vai trabalhar pelo sucesso do festival.

“O Sated faz uma pressão. Agora, quando a gente consegue o que a gente quer, pode não ser a forma ideal, mas temos que apoiar. Claro que a gente vai ser sempre crítico no sentido de valorizar a diversidade, tem que ter LGBT, tem que ter negro, tem que ter indígena. Dentro do possível, tem que ter a maior amplitude, tem que ter dança, circo, teatro, etc. A gente batalha também por não ser sempre fechado, por ter transparência, clareza e critérios de escolha, que essa comissão agora vai definir”, afirma.

Além da necessidade de valorizar a descentralização dos espetáculos e a diversidade e pluralidade de artistas e companhias, Adriane avalia que o festival também precisa se destacar pelo ineditismo. “No primeiro evento, o Antônio Nóbrega veio a Porto Alegre pela primeira vez, a gente nem sabia quem ele era. Então, o Porto Alegre em Cena tem essa preocupação em trazer diferentes espetáculos que não chegariam aqui [de outra forma]”, diz.


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