Jorge Seadi
O Grêmio, o clube do coração de Fábio Koff, considerado o maior dirigente da história do clube, negocia a venda dos direitos de transmissão de seus jogos diretamente com a Rede Globo. O presidente Paulo Odone esteve reunido com o diretor executivo Marcelo Pinto, da Globo Esporte — braço da Rede Globo que negocia direitos de transmissão — , e recebeu uma proposta três vezes maior do que recebe hoje. O campeonato deste ano, assim como nos anteriores, a Rede Globo mantém os direitos exclusivos de transmissão. O Grêmio e o Internacional recebem, cada um, R$ 20 milhões por ano. Agora, a Globo oferece apenas ao Grêmio o triplo deste valor, a cada ano, pelos campeonatos brasileiros de 2012 a 2014. O presidente Paulo Odone gostou do que ouviu e promete uma posição oficial do Grêmio para a próxima segunda-feira.
A vinda do executivo global tinha apenas um endereço em Porto Alegre, o estádio Olímpico. Isto quer dizer que a Rede Globo não tem interesse em ter o Internacional como parceiro nesta briga com o Clube dos 13 e com as emissoras concorrentes. Esta decisão significa também que se o Grêmio fechar com a Globo, como parece que vai acontecer, e o Internacional fechar com outra emissora, os Gre-Nais não teriam transmissão de tevê.
Por que a Globo escolheu o Grêmio
As razões para a Rede Globo ter escolhido o Grêmio no Rio Grande do Sul são políticas e financeiras. A política do futebol brasileiro é dominada por Ricardo Teixeira, presidente da CBF e inimigo declarado de Fábio Koff. Não podemos esquecer que Fábio Koff derrotou Kleber Leite na eleição para a presidência do Clube dos 13, ele que era o candidato do presidente da CBF. Agora, Ricardo Teixeira vê em Paulo Odone, adversário político de Koff, um aliado para derrubá-lo. Para Paulo Odone, a aproximação com a CBF é importante porque pode dar a seu clube vantagens no campeonato brasileiro e em outras competições nacionais e também poderá ser importante no desejo dos tricolores em ver a Arena como sede dos jogos da Copa de 2014.
Os interesses financeiros estariam ligados à RBS. O grupo gaúcho de comunicação é afiliado à Rede Globo e seus proprietários são torcedores e até conselheiros do clube. Com apenas dois grandes clubes no Estado, é natural que todo o esforço dos dirigentes tricolores seja o de colocar seu time no coração dos interesses comerciais da Rede Globo. Então, haveria condições de ganhar mais dinheiro, com o ganho secundário de sobrepujar o Inter.
Rebelião sem força
Primeiro foi o Corinthians, depois os quatro do Rio de Janeiro, na sequência o Coritiba e os próximos podem ser Grêmio e Palmeiras. Mesmo que a maioria dos clubes queira negociar os direitos de tevê sem o Clube dos 13, a entidade acredita que esta “rebelião” não dura uma semana.
O presidente Fábio Koff já declarou que a CBF e Rede Globo estão por trás de Corinthians, Flamengo e dos outros clubes. “É a continuação da eleição do ano passado”. O estatuto do Clube dos 13 diz que apenas a entidade pode negociar os direitos de tevê. Para um clube poder fazê-lo isoladamente precisa de desligar da entidade e isto só possível após cumprido um prazo de 60 dias e ainda tenha a concordância do Conselho Deliberativo.
O diretor executivo do Clube dos 13, Ataíde Gil Guerreiro, garante que não há no mundo modelo similar ao dos clubes negociarem individualmente os direitos de seus jogos com emissoras de televisão. Ele lembra ainda que no Brasil existe a Lei de Arena que determina que os direitos de imagem são dos dois times que se defrontam, não de apenas um. É por isso que negociações em separado poderão até inviabilizar o campeonato brasileiro de 2012. Fábio Koff arremata dizendo que “não dura uma semana”.
Os contrários à proposta do Clube dos 13 querem continuar na Globo porque ela tem maior audiência. O Clube dos 13 concorda que a Globo tem maior audiência e, por isso, deu 10% de ágio para a rede carioca. Se a Record quiser ficar com o campeonato, terá que apresentar uma proposta no mínimo, 10% maior do que a da Globo. Os envelopes da concorrência serão abertos no dia 11 de março.
